Hoje irei abordar sobre as emissoras que apostam em obras curtas, tão curtas, que você mal respira e o texto já acabou. Será que as pessoas têm tanta pressa em ler que basta você escrever UMA página sem um pingo de desenvolvimento, que você ganha um fã? Ou será que essas pessoas têm um conceito diferente do que seja uma obra bem escrita e convincente?
Hans Kaupffman (crítico do Retina Viva e um dos jurados do TIBDZ 2013) foi convidado para dar sua opnião sobre três obras da emissora intitulada Eclipsistas.
"[...]Simplicidade do capítulo, comunicação rápida e objetividade.
Essas 3 considerações poderiam ser levadas em conta como
elogio, mas não é o caso...
Ver um capítulo do Primeira Classe e já entender do que se trata
é no minimo simplista, de uma superficialidade infantil
e por isso não cabe a censura de 14 anos.
A vida tem complexidades mais interessantes do que esconder
câmeras em quartos desarrumados ou vinganças por conta de
peças escolares..."
Hans também deu sua opnião sobre a série Premonição:
"Premonição 3 comete os mesmos erros e, apesar de ter mais ação
por força do tema...Tudo acontece tão rápido que a forma abrupta
com que termina chega ser até engraçada."
E conseguiu ser mais ligeiro do que a obra a seguir:
"Jogo dos Mistérios é tão rápido que o mistério é saber
se tem algum humano por trás da história."
Leia esse trecho extraído da série Premonição, que tenta ser fiel ao filme...
[...]Juju e Nick vão comprar os ingressos, Mary fica perto do carrinho de pipoca
Uma pessoa se aproxima de Nick e Juju
???: Não entrem no parque!
Juju: Oi?
???: Por favor, acreditem em mim, isso não vai ser bom pra vocês.[...]
Parece que chamaram o Charada para uma participação especial. Pena que o Coringa de Heath Ledger não pôde dar o ar de sua graça também...
O autor ainda faz a gentileza de explicar alguns mistérios no fim do episódio que ficaram sem explicação e revelar spoiler que deveriam ficar guardados para a próxima temporada.
Procurado para responder a algumas questões, Hugo - como é conhecido - o autor das obras citadas e presidente da emissora Eclipsistas, disse visar a qualidade dos textos.
"[...]não importa de que modo você escreva desde que você não cometa tantos erros de ortografia e tenha uma história que prenda o leitor[...]"
Além de uma escrita razoável, não?
Ou seja, não podemos falar em qualidade até que estejamos diante de uma e, pode ter certeza de que eu cada vez mais me surpreendo com o que aprendo pela internet. Hugo declarou em certa ocasião que nunca leu as famosas obras citadas aqui no blog, o que significa que ainda há uma esperança. De que adianta o enredo ser envolvido na purpurina, se não for bem escrito?
Bruno Kaelum, autor da série que cutuca a igreja católica, Os Herdeiros, e um dos que apreciam textos longos, também aceitou falar sobre o assunto.
"[...]Acredito que a forma de escrever é apenas um detalhe, eu não sei outras pessoas, mas eu leio um roteiro e um romance e surte o mesmo efeito de imaginar o que estou lendo[...]"
Depois de conhecer a série Interligados seu conceito de que a forma de escrever é um mero detalhe, deve ter mudado. "Não entendi nada" - reagiu o autor diante do seriado.
João Pedro Tusset, autor da causing a commotion The Circus, também acredita que não basta o texto ter um bom enredo, é preciso estar bem escrito.
"[...] Qualidade, no nosso meio é algo legal de se ler, que tenha sentido, que faça a gente vibrar[...] que tenha uma boa escrita, que seja coeso[...]"
O autor também comentou que não se importa com o tamanho do texto, desde que o roteiro seja bom e envolvente.
Como você pode ver ainda há autores que prezam qualidade, mas principalmente, sabem o que é qualidade. Um texto em que mal começa, já sobem os créditos, parece que foi feito às pressas, sem definição, parecendo apenas um resumo do que ainda virá, não pode mesmo ter qualidade.
Infelizmente, ainda há quem preze textos curtos, mas não quero dizer que todo texto longo é bom, apenas que esses lhe dão mais tempo para desenvolvê-lo.
Novelas como Espírito Vingativo, da Jovens Escritores, tem ótimo enredo, mas peca no roteiro. A novela A Governanta, inspirada, até onde pude ver, na Cinderela, só que num contexto contemporâneo, também poderia brilhar, se não fosse a indecisão da autora sobre os gêneros. Indecisão essa que já me atingiu.
Já a novela Escrúpulos, exibida pela Belas Histórias, é escrito em formato literário, e pelo menos esse é interessante ler. Consegui ler um capítulo inteiro.
Mas enfim, estou falando de roteiro, que é o que define uma novela e série virtual. Quando alguém lê uma obra de umas 25 a 30 páginas, a primeira e única reclamação que vejo é sobre o tamanho do texto. Será que a qualidade deixou de ser requisito importante?
Você realmente acredita ser possível emocionar alguém com um episódio / capítulo de quase duas páginas, de puro resumo?
Você realmente gosta de ler ou de figurar na lista de leitores?
Certa vez recebi um email de um amigo afirmando que nunca escreveria da mesma forma que João Pedro Tusset e, isso inclui, André Esteves, dentre outros, outros, e mais alguns outros...
Ok, o importante é gostar do que e de como você escreve, mas fazer tal afirmação, pra mim, surte o mesmo efeito em dizer que não tem mais o que aprender, simplesmente porque se acomodou onde acredita estar indo muito bem #FaloMesmo.
Todo mundo começa de baixo, todo mundo erra, e até hoje ninguém chegou à perfeição, porque sempre temos algo a aprender. Seja aqui ou acolá, ou em qualquer lugar, o importante é estar aberto a novas possibilidades.
Aqui vai um site muito bom sobre roteiros: Dicas de Roteiros
Tudo que você precisa saber sobre a construção de diálogos, personagens, além de dicas sobre o gênero escolhido para escrever.
Mas antes, defina se você quer escrever um romance ou um roteiro. Acredite: Roteiros são bons de se ler, quando bem escritos.
Curtiu? Vai vê se eu estou no Face.
OBS.: Até o final desta edição fiquei sabendo que o site Eclipsitas pode ser excluído, além disso, a série Interligados foi cortada da emissora...
