Segundas Impressões | Império mais que Decadente

Cristina Ravela
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Desculpe o trocadilho, mas é o que temos pra hoje, amigos.



A websérie Império Decadente, escrita pelo nosso nobre colega Ari Rodrigues, e resenhada por mim semana passada, reestreou após a review. Convidada mais uma vez para conferir o piloto eu quase tive um troço; achei que não podia piorar, mas subestimei o autor!

Lembra de que na review anterior eu havia comentado ter sentido falta de uma linguagem mais da época do que contemporânea? E o que o autor faz? Coloca traduções em espanhol para o povo da Espanha, ora entre parênteses - após o diálogo em português - ora inverso. Uma zona. Não sei se está correto pelo menos, por favor alguém chama o Diogo de Castro para conferir?

O mesmo "cuidado" não teve os personagens portugueses (acredite ou não, mas o português deles, por vezes, difere do nosso), nem os franceses. Si ou claro? Bien sûr!

"CENA 1/ARANJUEZ/ESPANHA/1785/SALA DO TRONO/DIA 
O rei Dom Carlos IV e , a rainha D. Maria Luísa de Parma conversam sobre a ida de Carlota para Portugal e seu casamento com Dom João. 
MARIA LUÍSA: Carlota é muito imatura. Não deve se agregar à aquela criatura.  (Carlota es muy inmaduro. Hay que añadir a esa criatura)."

Roteiro literário ou literatura roteirizada?

"CENA 2/ARANJUEZ/ESPANHA/1785/QUARTO DE CARLOTA/DIA 
O rei Dom Carlos IV de Espanha e  sua esposa, a rainha D. Maria Luísa de Parma entram no quarto de sua filha Carlota Joaquina. 
CARLOS IV: Mi querida hija, vamos! (Minha querida filha, vamos!)"


Não bastasse essa confusão, me deparei com diálogos que mais pareciam ter sido sorteados e lançados ao léu. Numa dessas, nosso parceiro, Batman, até deu uns pitacos: "A pessoa entrou no dicionário e selecionou tudo o que nunca viu na frente".




Os erros foram claros:

1. "à aquela criatura".

2. "Lhe compreendo".

3. "Entretanto trata-se".


Não resta dúvida de que escrever sobre uma época antiga é difícil e requer mais atenção, mas juro que por essa eu não esperava. Até imagens ilustram o episódio, porque sim, o leitor precisa saber como era a época e sempre é possível piorar as coisas.
Na cena 5, tive um devaneio, sério. Carlota, ainda criança, agride seu marido, Dom João, na noite de núpcias, mas o diálogo que se sucede mais parecia uma noite caliente.

"Dentro desses festejos, durante uma das noites de núpcias, a princesa Carlota agrediu o esposo.
DOM JOÃO: Caaarlooota, Caaaarlotiiinha! – diz Dom João nas horas intimas com Carlota."

Eu até iria para o inferno depois dessa, mas lembrei que lá está sem vagas...

Dentre vários momentos cômicos, percebo que partes do documentário foram retirados do nosso amigo Wikipedia. Sim! Frases inteiras, irmão! A prova de que essa história não foi bem estudada, e sim, copiada.

Sinceramente? Se eu quiser conhecer a história do Brasil, de Portugal, aliás, se eu quiser ficar por dentro de tudo que já ocorreu nesse mundinho, basta eu fazer o mesmo que o autor e sair vasculhando o Wikipedia.

O que eu esperava era ver uma história sendo mostrada como aconteceu, e não um resumo. Imagine se eu tivesse feito o mesmo com Raíza? "Dcr mete um tiro em Raíza, mas todos pensam que ela morreu. Raíza sai do caixão com ajuda dos amigos e eles precisam arrumar um jeito de destruir o vilão". Ok, mas como isso ocorreu? Cruel Intentions, Dead Land, The Witcher, não seriam as mesmas se despejassem apenas seus argumentos.

No mais, sem mais. Vou ouvir música gospel, porque de punk já bastou esse episódio.


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