Review de "Perto & Distante" | Falta seriedade e competência

Batman
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A imposturia que anda regendo o meio virtual tem aflorado os ânimos de muitos. E não é para menos. Sites sem um pingo de informação e importância, conteúdos inúteis e “verdades” expostas. Julgo dizer que está na hora de uma Operação Lava Jato Virtual. O que tem de site que mal sabe o conceito de crítica e já está à ativa, não está no gibi! E o que mais me espanta são sites que não possuem a mínima decência para fazer um trabalho tão importante, que é a revisão da obra, com o mínimo de honradez. É uma perda, se não escória.

No mesmo ritmo, não achem que, diferente, seguem as obras virtuais. Em tempos deterministas, em que o meio influencia o ser, acho uma ideia bastante condizente. E não é para menos com alguns roteiros e/ou algumas pseudo-obras, que, pelo número de audiência, demonstram o quão são boas. Mas é uma visão para alguns; não para todos. 

A obra de hoje é de autoria de Júlio Henrique (o mesmo autor de outras obras, já detonadas aqui) e exibida pela Blog TV (BTv).

O mais curioso disso tudo é que a emissora e o autor não aprendem. Eu sou adepto a ordem dos estudos e ao crescimento gradual, mas sem estudos, influência e cobrança da emissora, desculpem-me, mas tende a ir de mal a pior. E não esperem algo bom dessa (eu acho; ACHO) novela.

O nome é “Perto & Distante”. Não sei se foi por querer, mas pareceu cospley de “Altos & Baixos”.
A história do capítulo resume-se, previamente, em duas amigas, Gisele e Cecília. O grande conflito da história está em Gisele, que se descobre grávida e conta com a amiga, Cecília, para ajudá-la. O problema é que a mãe dela, a megera Gislaine, não aceitaria a situação da menina, que se vê na saída de contar a verdade.

Dito isso, poderíamos ter aqui um roteiro incrível. Eu gosto de histórias pequenas e sinopses também. Embora não tenha um bom clímax a olho nu, a história pode, sim, apresentar um bom segredo e uma boa novidade para o leitor que se apaixonar pela trama.

O problema está justamente nessa última frase. Apaixonar-se por um roteiro patético é quase impossível. Há aqueles que, em busca de leituras, enchem o rodapé para comentários de elogios, mas, no fundo, são outros péssimos autores, que não ligam para o conteúdo, mas para a audiência. E a maioria das obras peca por isso. Já “Perto & Distante” não possui roteiro. Não possui narrativa, não possui absolutamente nada. Imagine que você possua uma urna. Você balança e retira quatro palavras. O que você faz? Arruma cada uma da forma que caiu! Foi assim que eu vi, lendo o “roteiro” da novela.

Além do mais, a obra conta com vários flashbacks, já que toda a história de “estou grávida. Me ajuda, amiga?”; “ai, não sei. Que tal contarmos pra sua mãe?”; “ai, estou enjoada”; “vou te dar Loucazihpan, pera!”, acontece antes da primeira cena da novela, por exemplo.

Aliás, vou fazer algo diferente. Avaliarei a primeira cena da trama.

Rio de Janeiro, 2015.
Cena 1/ Apartamento de Ângela/Quarto de Cecilia/int./dia
Ao som de “Mapa Mundi (Tiê)”, são mostradas as lindas paisagens do Rio de Janeiro, do corcovado, do Cristo Redentor, da cidade¹, do calçadão.

Ao som da mesma musica, a câmera adentra o quarto da personagem Cecilia, são mostrados todos os móveis e objetos do ressinto, aos poucos a câmera se aproxima do criado mudo, e dá um close num porta-retratos com uma foto da jovem Cecilia e sua melhor amiga Gisele.
A Câmera muda de take bruscamente para a janela do quarto, o sol está se pondo, a luz de fim de tarde paira sobre o porta-retratos onde a foto reside. Novamente um close na foto, aos poucos o dia vai escurecendo.
OBS¹: Assinalada repetição na descrição.

1) Estrutura temporal.
A estrutura temporal, em cima do cabeçalho, demonstra a falta de técnica e a falta de relação entre imagem (câmera) e personagem (assistência técnica do autor ao ator). A inserção da palavra “LETREIRO” já mudaria tudo.

2) Descrição.
Descrição é um processo gradual, que está diretamente ligado ao cabeçalho. Se você informa que a primeira cena passa-se no quarto da personagem, como nos é mostrado o Corcovado? Cecília virou ponto turístico?

3) Uso de reticências.
“O que seria reticência em terra de roteiro?”
R.: Pensamento de personagem. E só! Não tente enfiar literatura. Quer escrever livro? Abra o Word e comece agora mesmo. Para roteiro não serve.

4) Uso de coisas que o autor nem sabe o que é.
Usar a expressão “take” é bem redundante no roteiro. Isso, porque cada parágrafo de descrição é um take. Por isso, pra que iniciar chamando aquilo de take? Redundante! E pior que “take” é “take bruscamente”. Pera aí, queridão, sou novo nesse desastre...

5) Prática temporal.
Não só a estrutura é ruim; a prática temporal também. Falar que amanhece, entardece, escurece, tudo ao mesmo tempo, sem nem um CAIXA ALTA, não dá.

6) Erros da língua.
"Ressinto"? O que seria isso? O correto, ligado à expressão de lugar, é "RECINTO"!

Pois bem. Essa foi a avaliação de uma única cena. Erros de língua portuguesa, as vírgulas – que o autor definitivamente não sabe por – e tantas coisas mais, fazem dessa obra mais um dos acúmulos ruins da emissora em questão, que, por sua vez, é outra incompetente. Surgiu pra quê? Pra jogar esses lixos na cara de quem busca aprender e melhorar? É uma vergonha, receber mais de duas críticas e apenas assentir para tudo o que é dito. Quero prática. Está na hora de fazermos uma limpa nos conteúdos e lutar pelos autores que realmente podem evoluir. 

A novela, o autor, a emissora e todos os que nela trabalham, recebem nota 0,5, por terem tido o trabalho de ter o texto editado na página da emissora, pelo menos. E volto a dizer: melhorem, aqui não é brincadeira.

Até mais.

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