Review de Robin | Motivos para nunca faltar às aulas de Português

Batman
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Em tempo, mais uma review para o Blog da Zih. Ou seria Blog do Zoh? Só digo uma coisa sobre o novo blog: busca por audiência! TVN tá buscando audiência desde que minha tataravó fez minha bisa (A lampião! Imaginem o clima!). Quando tiver post novo, chamem-me que eu levo o frango assado, porque a farofa já está pronta.

Hoje, critico Robin – Arkham City, a mais nova série da produtora Moonlight Pictures, assinada por Clayton Correa.

Ao autor: já chegou aos meus ouvidos que você espera bonança na review, devido à proximidade entre nossas entidades, mas digo-lhe: quanto maior a intimidade, maior a sinceridade. E tenho dito.


Esses são 10 erros de Português que eu encontrei durante a leitura do primeiro episódio da série (apenas 10!):

1. "O céu encoberto, tráz"
2. "Afinal, não a circo sem artistas"
3. "Olá garotinho"
4. "O carro se distância pela estrada."
5. "O rímel está escorrendo juntos com as lágrimas"
6. "Dubley pela o gibi."
7. "DIRIGINDO-SE A PORTA"
8. "Ai, ai, srta. Quinzel, você engraçada!"
9. "grande explosão, em um prédio, alguns metros à frente"
10. "tampas dos boeiros"

Clayton, querido, não leve tão a sério o que eu havia dito outro dia, sobre coletar palavras do dicionário. Às vezes, é muito útil. Como no caso 10, por exemplo: amaria que as tampas do boeiro caíssem sobre mim, mas dos bueiros não. E eu acho que esse foi o principal defeito de Robin - Arkham City... O autor entrou tanto na atmosfera da cidade fictícia, que esqueceu que escreve para brasileiros, no Brasil e aquilo que a professora Maricotinha dizia-lhe na sexta série: “crianças, vamos aprender a escrever direitinho!”. E você nunca deu corda, né, Clayton?

Mas enganam-se vocês, se acham que Robin poupa-nos erros de roteiro, compensando os catastróficos de Português. Encontrei bastante defeitos no roteiro, mas, graças a Deus, nenhum que se compare a tramas que passaram por minhas mãos anteriormente (Amém!). E isso salva a pele de Robin. Explicarei: ao escrever roteiros, você só tem como errar em duas coisas: gramática, linguística e contextualização (tudo o que Maricotinha já havia falado) ou o conjunto roteiro, que envolve toda a parte de dramatização, estruturação e técnica. Felizmente, a segunda parte não foi tão prejudicada, o que poupou um pouco a trama.

Robin tem um bom enredo. O ar obscuro permanece do início ao fim da trama. Entrar na atmosfera é crucial. E Clayton me transpassou a ela. Tirando os erros dramáticos, foi gostoso ler o piloto. As páginas passaram rapidamente. Quando pisquei, já estava no quarto ato, dirigindo-me para o final. E isso é muito bom. A trama viajou, não excedeu suas ações e concluiu a missão que lhe é esperada – sempre –: contou uma história.

Mas existem pontos que ficaram soltos para mim. O principal deles foi a morte dos pais de Dick. Confira:
“Segurando em uma barra de madeira presa a cordas, os dois se lançam no ar... Direto ao chão”.
Oi? Eles morreram? Sim, não e por quê? Você tem trinta segundos no confessionário...
Fiquei com uma dúvida séria. Mas, logo em seguida, veio o enterro. Aí compreendi.

Uma coisa que não gostei, mas que se repetiu durante TODO o texto, foi a expressão “CORTA PARA”, totalmente em desuso. Passar pra cena seguinte sem a expressão é amplamente aceitável e flui a leitura. Mesmo assim, se temos expressão de transição em excesso, também temos em falta. O conhecido “CORTE DESCONTÍNUO”, que liga uma ação 2, em outro momento, mas à mesma cena, não foi usado em nenhum dos momentos cuja sua utilidade cairia bem. Uma pena.

Também me incomodou a falta da divisão nos parágrafos de ação. Aconteceu durante todo o roteiro. Um parágrafo de ação comporta exatamente o movimento da CÂMERA. Quando ela muda de posição ou mira em outro plano, inclui-se novo parágrafo. Também passou batido.

ROTEIRO PUBLICADO:
Dick olha pela janela, afim de fugir do constrangimento.* Os olhos fixam na paisagem do lado de fora. Um prédio de quatro andares e muito extenso, ergue-se imponente em meio a árvores e chama a atenção de Dick.
*A expressão marcada revela traços de subjetividade.

ROTEIRO CORRIGIDO:
Dick olha pela janela. Os olhos fixam na paisagem: 
Um prédio de quatro andares, muito extenso, revela-se, imponente, meio às árvores.
Itens também errados, foram um dos cabeçalhos e a utilização do mecanismo "PASSAGEM DE TEMPO" indevidamente. Sobre o primeiro, é o caso da cena 16, onde o cabeçalho apresenta "CONTINUAÇÃO", no lugar da estrutura.

Para encerrarmos, há mais um item. Trata-se da intromissão do autor no meio da narrativa. Em dois momentos do roteiro, Clayton revela-nos o futuro ou intertextualiza algo aos leitores.
  • "(MENÇÃO A MAQUIAGEM USADA PELA PERSONAGEM ARLEQUINA, QUE ELA SE TRANSFORMARÁ NO FUTURO.)" 
  •  Quando Batman surge (não de rosto, apenas voz).
Lá vai dica... sempre deixe o gostinho. Cada um intertextualiza o que consegue e o que conhece. Escreva para leitores inteligentes, não para ignorantes. Escreva aquilo que você vê na sua TV de plasma (ou cubo).

Concluindo: o roteiro denuncia todo e qualquer personagem. Dubley é um homem sério e, de repente, um homem sorridente. A dramatização peca; os erros de Português alucinam-me, mas Robin é uma boa trama. Eu voltaria a lê-la, contanto que Clayton não se dispusesse a apostar corrida comigo novamente, como fez em: “Howard encara Harleen por um instante e então desfere um violento tapa no rosto da enfermeira que cai sobre o sofá.” Ufa!

Para efeitos numéricos, dou nota 7,0, devido a erros excessivos de Português e aos detalhes do roteiro. 
É isso.
Até mais.


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