Primeiras Impressões | Golpe de Classe

Cristina Ravela
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ATENÇÃO! Essa é uma obra de Everton Brito. Qualquer semelhança com as obras da BTV terá sido mera coincidência.
Crianças, não leem. O aviso tá dado.

Brincadeiras à parte, hoje chego com a minha última review do ano e já com uma consideração do autor Everton, que assina Golpe de Classe, pela TVConectados. Segundo o próprio, ele NUNCA na vida plagiou obra de ninguém, como foi divulgado pelo Boletim Virtual e disseminado por aqui. O que aconteceu é que ele copiou a forma de divulgação, coisa muito natural pelas bandas do Facebook, né? Com tudo já esclarecido, vamos conhecer a novela do autor de Obsessão Compulsiva?

Pra início de conversa, meu espanto:



Pela primeira vez na história desse autor eu leio algo aproximado do roteiro. O enredo é escancaradamente muito próximo de uma novela mexicana bem dramática, com nomes estranhos como FRAGOLINO (parente do Patolino?) e o casal que promete fugir para serem felizes. A tentativa do autor foi boa em termos de roteiro, uma vez que suas anteriores mais pareciam rascunhos de uma obra literária. Eu diria que foi um salto gigante, até animador, mas não necessariamente feliz.

O enredo contém cenas contraditórias, diálogos fracos e é mais do mesmo que você encontra / encontrava em novelas mexicanas; Tais como amor impossível por causa da briga de seus pais; Vilã que arma para ficar com o namorado da outra; Mocinho idiota passado pra trás; Pais dos mocinhos brigando sem parar por causa de terras. Isso é clichê, mas existe o clichê bem trabalhado como em Realeza Juvenil, as obras de JP Tusset contendo um psicopata, a relação de pai e filho como em Foley Boys, mas quando você lê Golpe sente que alí tudo foi forçado, tirado de folhetins passados, sem um adicional.

Analisando algumas cenas:

a."CENA 01 – CAMPO. EXTERIOR. MANHÃ – GOIÂNIA
Abre a cena com a visão de um lindo e vasto campo com plantações de alecrim dourado. O chão está molhado da chuva passageira que havia caindo antes, o céu neste dia estava monótono.
b."Bernardo, e sua família discutem por conta de Juliana e a idéia do casamento dos dois.
c."Fragolino e Francisca estão no quarto conversando sobre Juliana.O quarto é simples, sem muito luxo mas, muito arrumado e aconchegante. 
FRAGOLINO- A partir de hoje Juliana está proibida de se encontrar com esse Bernardo Fortune! 
FRANCISCA- Eu não sei se essa proibição é boa para a minha filha. Reveja isso, Fragolino. 
FRAGOLINO- Não vou rever nada, minha palavra é uma só. Foi por causa desses malditos Fortune que o meu pai morreu! 
Pequena pausa. Fragolino dá um sorriso. Nirvana, passa pelo corredor e ouvi toda á conversa. 
FRAGOLINO- É isso! 
FRANCISCA- O que homem?! 
FRAGOLINO- Com o Bernardo apaixonado por nossa filha eu posso recuperar parte da terra! 
FRANCISCA- Você não vai usar a nossa filha dessa maneira. 
FRAGOLINO- Vou sim. Ela vai ser feliz e eu mais ainda. 
Nirvana escuta toda á conversa.
d."Nirvana beija Bernardo, eles fazem amor. Bernardo pensa o tempo todo que é Juliana."

1. Cabeçalho confuso.

Apesar de aprendermos que a ordem dos fatores não altera o resultado, incluir o estado, cidade, vila após a temporalidade deixa a estrutura de roteiro, digamos, desestruturada. Seria melhor se fosse um dos dois modos a seguir:
"GOIÂNIA - CAMPO - EXT. MANHÃ"
"EXT. - GOIÂNIA - CAMPO - MANHÃ"

2. Verbos no passado e redundância.

"O chão está molhado da chuva passageira que havia caído antes". Achei uma explicação muito válida, uma vez que o chão estar molhado não faria ninguém perceber que choveu...

3. Literatura de novo.

Verbos no passado, citar relações como "Fulano, filho de ciclano, irmão de beltrano, casado com dona Maria" e narrativa explicativa como no item "b".

4. Contradição detectada; Erros de verossimilhança.

No item "c", o Fragolino da Silva José afirma categoricamente que é homem de uma palavra só. Mas logo em seguida ele tem uma brilhante ideia e resolve aceitar o relacionamento da filha com o moço lá. Assim, bem rápido. Para, que tá feio, né?

Depois veio Nirvana se passando por Juliana na cama do Bernardo. Ok, tudo escuro, mas o cara devia estar muito necessitado pra desconfiar da voz e não querer ter certeza, né?

5. Erros da língua portuguesa.

Mais/ Mas têm diferença, sim senhor!
MAS - Conjunção adversativa, com valor de Porém, Todavia, Contudo.
MAIS - Advérvio de intensidade como em "Ela é mais diva do bairro" e também conjunção aditiva como em "Dois mais dois é igual a quatro".

Isso sem contar as frases sem pontuação, vírgulas no lugar errado, ou a falta delas; Falta de boa dramatização e de técnica de roteiro, porque sempre que você muda o ambiente, precisa destacar, seja no cabeçalho ou em letras maiúsculas. Sobre a dramatização, a gente quer sentir o personagem, brigar com eles, ter a sensação, ainda que breve, de que ele existe mesmo. Como eu havia dito anteriormente (pausa para a minha redundância) o enredo é mais do mesmo que você encontra em folhetins mexicanos com diálogos e ações previsíveis.

O ponto positivo da história foi a disposição do autor em aprender o gênero roteiro, pelo menos tentar, se esforçar para a tal coisa. Ainda espero não ver os mesmos erros de sempre nas próximas produções, porque nessa, pelo o que vi nos capítulos seguintes, se repetem mesmo.

Se eu fosse dar nota como o nosso amigo Batman, eu daria 5. Costumo tirar mais pontos quando há muitos erros de português espalhados por todo o texto. Um ou outro todo mundo acaba cometendo, inclusive eu, mas vários? Retiro ponto, também, por falhas extensas de roteiro e de enredo, incluindo dramatização e verossimilhança. Quanto mais extensivo o erro, mais ponto é retirado. O "0" é cruel, amigos. Mas nunca se sabe...



Beijos de luz!

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