Review de "Poderosa" | Faltou convidar a realidade...

Batman
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Depois de um tempo, eis que estou de volta. Não por, simplesmente, estar, mas, principalmente, por causa da estreia da nova novela da WebTV. "Poderosa" é escrita por Wesley Alcântara. 


O título, que se refere a protagonista da história, Maria Fernanda Françoso, uma modelo que está despedindo-se das passarelas e dedicando-se, agora, apenas ao mundo fotográfico, atrai uma grande responsabilidade. 

The Iron Lady (A dama de ferro), filme de 2011, que narra a vida de Margaret Thatcher, tem esse título por um motivo bastante simples e claro: a protagonista da história, a primeira-ministra do Reino Unido, era, simplesmente, uma mulher poderosa e veemente, que trouxe à tona, ao enredo do filme, as questões mais polêmicas e mais importantes de sua história. "A dama de ferro" não tem esse nome por, simplesmente, ter. 

Voltemos a "Poderosa". A primeira questão que me faço é: de onde e como Maria Fernanda é conhecida como a "Poderosa" dessa história toda? Seca, frágil, débil, Maria Fernanda não chega aos pés de uma mulher poderosa e mais parece uma adolescente em suas crises de vida, em dúvida sobre a que futuro buscar; uma mulher insegura: no amor, na carreira, na vida... E isso me leva a uma pergunta: se Maria Fernanda não pode ser a referência do título da novela, então ao que ele se refere? 

Pensei em várias possibilidades. A primeira delas, de que o título "Poderosa" estava referindo-se a, justamente, a própria novela. Mas... Essa tese torna-se pura falácia quando o primeiro capítulo dá o ar de sua graça, que de graça não teve nada: 
  • Com uma trama extremamente arrastada, o capítulo não foi empolgante e nem tão pouco surpreendente. Poderia ser comparada às novelas das 18h (não que o horário seja ruim - "Além do Tempo" fala por mim), mas a trama é tão sem ação, que eu fiquei até espantado. 
  • Com falas extremamente infantis, às vezes, pra mim, os personagens caberiam em crianças. Em Malhação! Exemplo da cena 21 (uma das piores):

    Maria Fernanda está passeando pelo local, com uma felicidade ímpar. Ela se senta em um banco, logo em seguida aparece uma mulher (loira, alta, magra, 36 anos, cabelo curtinho, trajando visual punk) e se senta ao seu lado. As duas se abraçam, felizes. 

    MARIA FERNANDA – Ai amiga, desculpa te ligar e te chamar pra me encontrar em cima da hora? 
    MULHER – Para de formalidade, somos amigas há tantos anos. Não tem essa comigo. 
    MARIA FERNANDA – Ah Gaby, por isso que te amo, você é a melhor amiga do mundo. 

  • Com descrições chatas:

    Uma mulher, 32 anos, magra, alta, morena clara, cabelos levemente cacheados e na altura do ombro, trajando um macacão preto, de tecido nobre, muito elegante. Ela observa as vitrines com muita atenção, até que entra em uma loja. 
  • Além de um capítulo extremamente arrastado: 
    Constância, a grande vilã, distribuindo patadas aleatoriamente e com poucas ações;
    Maria Fernanda zanzando pra cima e pra baixo; 
    Um tal de Márcio e Charlotte, marido e mulher que vivem em briga, fazendo o que mais sabem... E, aliás, numa das noites, ele resolve sair de casa (de pijama) e abandona-a. Ela põe fogo na roupa dele; 
    Maria Fernanda descobrindo que Bento, seu noivo, tem outra mulher. 
E aí, eu pensei em várias outras possibilidades... Até em Constância, sendo a grande Poderosa, mas... Coitada... Com um capítulo extremamente fraco para ela, acho que a única que brilhou ali foi Charlotte. E ninguém mais. Então, pra mim, a única poderosa dessa história foi ela. Ela e mais ninguém. 

Também gostaria de acrescentar um furo percebido: 
Bento, o noivo cafajeste de Maria Fernanda, acabara de pedi-la em noivado... E... Bem, ele a convida para ir ao apartamento dele... e ela pergunta o endereço (!). São noivos e ela nem se quer sabe onde ele mora? É isso mesmo?
No máximo uma gafe, não, Wesley?

Em síntese, gostaria de deixar claro que "Poderosa" não é das piores tramas, mas é fraca, muito fraca. Com um enredo lento; personagens sem carisma e sem o fator "imã" - aquele, que atrai qualquer tipo de público - "Poderosa" não tem lógica a partir de seu próprio título. O enredo, as falas e as descrições denunciam tudo. Maria Fernanda está mais perdida que cego em tiroteio: perdeu, veementemente, seus poucos poderes. 

Meu conselho ao autor é: efetive o pós-modernismo! Isso, aquelas características literárias que foram atribuídas depois da Semana de Arte Moderna, que deixavam bem claro: ACIMA DE TUDO, PREZE O REALISMO. E é isso. Falta realidade em "Poderosa", além de alguém, alguma coisa ou seja lá o que for, que justifique o título da trama.

Nota 7,0
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Por hoje é só. 
Até mais.


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