Vamos começar com review? Pois bem, mais uma vez a novela é uma exibida pela emissora Canal 1.
Não parece, mas a novela fala de Et's...

A novela de Gustavo Resende estreiou pelo Canal 1 quase estourando o orçamento da emissora prometendo ser um sucesso. A promessa se deve a sinopse da história que trata do aparecimento de et’s numa cidade do interior de Minas Gerais. Sim, essa história você já viu, mas cada um conta a sua maneira.
Márcia é uma jornalista empenhada no trabalho, mas que precisa largar do caso em que estava envolvida para se dedicar a reportagem sobre Et’s.
O início teve aquele suspense básico, a música incidental enquanto a câmera aproximava do casebre. O clarão básico também assustando o casal de idosos. A parte técnica me chamou atenção ao ser avisado, por exemplo, que o sítio era de Amador, sendo que, até então não sabíamos que o casebre era dele. Não havia placa que indicasse isso.
Depois seguimos para Niterói/RJ. Estou gostando dessas séries do Canal 1 contando histórias passadas aqui no Brasil. Nada contra as versões americanizadas, mas uma série pode ser ótima sem que precise passar nos Estados Unidos. Embora seja lá onde tem as séries de tv que adoro.
De repente, um corte e vemos o seguinte:
CENA 04A. APTO DE MÁRCIA. QUARTO DE MÁRCIA. INTERIOR. NOITE.
Além de nos levar para um ambiente que não dava nem para ter certeza de que era um apartamento (a não ser que mostrasse o exterior do prédio) o uso repetido do nome da moçoila foi desnecessário tendo em vista que, fazendo-se saber que é um apartamento e mostrando o ambiente, logo saberíamos se tratar de um quarto. Agora, de quem seria o quarto aí as cenas seguintes diriam por si. Quem sabe um porta-retrato de Márcia na cabeceira? Ou o filho dela perguntando se podia dormir no quarto dela, ou seja, ali. Detalhe? Observe a cena seguinte:
MÁRCIA ESTÁ SENTADA SOB A SUA IMENSA CAMA DE CASAL, COM UM AMONTOADO DE LIVROS, PAPÉIS, ENVELOPES, FOTOS, ANOTAÇÕES, TUDO COMO UM ENORME QUEBRA-CABEÇA. NA TV:
Deve ser relaxante ficar SOB a cama com tanta coisa ao redor.
CENA 04B. TV DE MÁRCIA. IMAGENS DE UMA RUA. EXTERIOR. NOITE.
Será que correria o risco de alguém pensar que a TV era minha? Se for LCD ou LED, então é minha, passa pra cá, meu bem (risos).
Outro detalhe é que tanto ela quanto seu filho Dudu e os demais personagens não tiveram sequer uma característica citada que pudesse nos fazer imaginá-los. Ok, nós sabemos por que são interpretados por atores, mas acho interessante citar. Imagina se quem estiver lendo sua obra for um produtor de novelas, alguém que poderá lançá-lo? Acho que ele não vai querer saber quem você escolheu para o papel e sim, por que você deixou de citar uma das coisas que preenchem o roteiro. Ai, vai sonhando, vai sonhando...:-x
ELE (Dudu) ENCOSTA A CABEÇA NO OMBRO DELA E MÁRCIA MEXE NO CABELO DELE, ATÉ QUE ELE ADORMECE. ELA PEGA UMA FOTO ONDE O HOMEM DO VÍDEO (O DEPUTADO) ESTÁ SAINDO DO MOTEL DE CARRO, SOB O CARRO, A LUZ DE NEÓN, COM O NOME DO MOTEL "PRAZZER MOTEL".
Tem certeza que deu pra enxergar o nome do motel SOB o carro numa foto? Visão de raio-x?
PRAZZER MOTEL...PRAZZER...Nome sugestivo...Z insistente...Apareceu duas vezes o danado (risos).
MÁRCIA COLOCA A FOTO DE LADO E PEGA O PATETA DO FILHO. ELA OLHA FACE-A-FACE PRO PATETA E RI.
Que autor cruel! Chama o filho da moçoila de pateta e ela ainda tem a ousadia de ri na cara dele. Eu ri muito nessa cena, juro por Deus (risos e mais risos e...outros risos)
Vale lembrar que o pateta era de pelúcia que era do Dudu :-x
Tudo bem que quem ler vai entender, mas se escrevesse pateta de pelúcia o efeito seria outro...
Notei que o autor, para fugir do padrão câmera ou simplesmente CAM usado em alguns roteiros, apenas usou uma frase que identificasse tal close:
MÁRCIA - É minha última esperança.
NO OLHAR DE MÁRCIA,
CORTA PARA:
Se acrescentasse o CLOSE até ficaria chic.
A empatia entre Márcia e seu chefe da redação é muito grande a ponto de discutirem e fazer a mocinha descer das tamancas. Observe:
MÁRCIA - Você ta querendo me dizer que é pra cancelar a reportagem?
CÉSAR - Não sou eu quem está dizendo. São os superiores.
MÁRCIA - Jornalismo comprado. É isso que está acontecendo.
CÉSAR - A culpa não é minha. De alguma forma a continuidade da reportagem feriu os interesses da emissora. E mandaram a ordem para parar.
MÁRCIA - Estou há quatro semanas, veja bem, QUATRO SEMANAS, trabalhando como uma cachorra nessa porcaria de matéria, quando descubro todas as provas contra aquele filho da mãe, é pra voltar atrás?
Adorei a discussão apesar de que não imagino alguém se comparando a uma cachorra, por que trabalhou demais...Talvez idiota, tonta, imbecil...
Valeu ter ressaltado o que acontece em algumas redações de jornais e que muitos já sabem: A falta do compromisso público. Tudo na base do interesse financeiro, tudo negócio. Na série mostra que a redação não coloca uma notícia bombástica no jornal, por que quer melhorar o mundo; Mas sim, por que é do interesse de superiores acabar com aqueles que se tornam “pedras no sapato”, não se comportam bem com o “sistema”.
Pobre de Márcia ter que suportar isso por dinheiro. A crise chegou por lá também.
Falando nisso, a princípio pensei que era uma redação de um jornal, quero dizer, foi isso que foi passado. Veja:
CENA 05. REDAÇÃO DO JORNAL. HALL. INT. DIA.
Mas aí o chefe pede que Márcia faça uma matéria sobre et’s para uma reportagem de uns 8 minutos. Emissora?...Saberemos daqui a pouco.
ELA VIRA DE COSTAS E SAI DALI COM A PASTA NA MÃO.
MÁRCIA - Nunca mais fale do meu filho.
CÉSAR - Sabia que ia pegar essa pauta. Faça seu melhor trabalho.
MÁRCIA - Eu sempre faço.
Ela já não havia saído? Ou essa foi uma conversa por telepatia?...
ISABEL - E com quem vai trabalhar agora?
MÁRCIA - Equipe reduzidíssima. Eu, o Bitu. Adoro trabalhar com ele. Vai ser ótimo.
ISABEL - E só?
MÁRCIA - Não. Tem um estagiário também! Odeio estagiários. André, o nome da figura.
NA RISADA DE MÁRCIA
Outra realidade. Você não nasce sabendo, cresce aprendendo e morre sem entender por que não nasceu gênio que nem aquele fulano que odeia estagiários. Sim, por que ninguém odeia o que nunca foi.
Foi bom mostrar isso ainda que seja na mocinha. Ela não tem o perfil da mocinha perfeita o.O
CONT. IMEDIATA DA CENA ANTERIOR. UMA JOVEM GAROTA, DANIELA, VESTIDA NO ESTILO DE ANDRÉ E COM ÓCULOS DE ARMAÇÕES GROSSAS, ENTRA NA APRESENTAÇÃO.
André só aparece depois que alguém diz que ela é namorada dele e só teve seu nome citado na cena anterior e não seu modo de se vestir. Ok, mais uma vez o leitor se baseia na foto do ator, mas isso não conta quando o leitor ler sem saber quem os interpreta...
CENA 15. CONSULTÓRIO DE MARINA. INT. DIA.
A BARRIGA DE SEUS SETE MESES DE GESTAÇÃO TOMA CONTA DA TELA.
De cara não daria pra saber de quem era a barriga, afinal o consultório era de Marina, mas a barriga podia ser de qualquer pessoa. Fora que, somente em casos de legenda (?), poderíamos saber que aquela barriga era de sete meses. Veja como fica diferente:
“A barriga de uma grávida toma conta da tela”.
Não há necessidade de dizer o tempo de gravidez, por que logo em seguida a paciente de Marina pergunta. E a primeira imagem, além da barriga era o jaleco que a cobria. Coisa que deixaria claro, logo de cara, que a grávida era a doutora, já que imaginei ela deitada na cama fazendo ultra-som...
Ah, Marina é dentista, ok?
E voltamos naquela parte do enigma do jornal ou emissora, quem sabe os dois?
CENA 18. LOCALIZAÇÃO. EMISSORA. EXT. DIA.
É uma emissora! Ok, ok, numa emissora há jornalismo, sim eu sei. Mas o ponto é: na descrição do ambiente, quando o jornal foi apresentado, não vi televisores, repórteres, nada que indicasse que ali também era uma emissora.
Mas pequenos erros à parte, a maneira como foi levada a história até o fim do capítulo foi cuidadosa. Senti falta de ver algum ET, afinal é disso que se trata a série.
Erros acontecem, mas é preciso prestar atenção, pois ninguém fica SOB a cama sem que para isso haja uma razão...E boa.
A novela tem tudo para fazer sucesso, pois apesar do tema super conhecido e explorado, muita gente curte as particularidades desse infinito...
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