A série esmiúça o drama familiar e evidencia o amor paternal
Sinceramente nunca fui apreciador das intituladas séries “teens”, se é que podemos rotulá-las assim, ao meu ponto de vista quem as classificam devem ser sumariamente ignorados, pois, devemos nos ater naqueles que desafiaram a “fórmula” e oferecem um material muito criativo, inteligente e puramente instigante. E desde que o mundo é mundo, roteiro é roteiro, e nunca deve haver “preconceito” por parte de um escritor, mesmo porque o que está em jogo não é o seu gênero, e sim seu conteúdo lingüístico e sua composição como um todo no esquema do roteiro. Eduardo Avellar por volta de 2008 já tinha se aventurado no mundo das SV’s com a série “Greenville”, que acabou não vingando, na época o autor ainda era novato e tão pouco conhecia os termos de roteiro.
E Avellar não deixou se abater, e retornou com a série Foley Boys. O drama desenrola no cenário da cidade fictícia de Tudor City, não confundam o nome com o complexo de apartamentos localizado no East Side de Manhattan em Nova Iorque (É! Escrever Drake foi cultura). E a trama conta o dia-a-dia de um pai solteiro e seu filho de 16 anos, Leo (Aiden Turner de All My Children) e Liam Foley (Asher Book de Fame), os garotos do título. A introdução inicia-se apresentando ângulos externos de uma cidade, agora imagina tudo isso com a canção indie-rock “Laredo” da banda “Band of Horses” de fundo, casa perfeitamente com a cena.
E Avellar não deixou se abater, e retornou com a série Foley Boys. O drama desenrola no cenário da cidade fictícia de Tudor City, não confundam o nome com o complexo de apartamentos localizado no East Side de Manhattan em Nova Iorque (É! Escrever Drake foi cultura). E a trama conta o dia-a-dia de um pai solteiro e seu filho de 16 anos, Leo (Aiden Turner de All My Children) e Liam Foley (Asher Book de Fame), os garotos do título. A introdução inicia-se apresentando ângulos externos de uma cidade, agora imagina tudo isso com a canção indie-rock “Laredo” da banda “Band of Horses” de fundo, casa perfeitamente com a cena.
Avellar nos traz uma estória calma e típica, no entanto, na verdade o autor peca na hora ao sugar de fontes de sucesso como a série “Gilmore Girls”. Não estou dizendo que a série seja propriamente ruim, até porque o autor a esboça com bastante competência e a escrita é bem conduzida. Mas, confesso que num dado momento pensei ver Lorelai e Rory Gilmore encarnadas nas peles de Leo e Liam Foley. O que não me deixa mentir são momentos e cenas parecidíssimas, fazendo com que a série perda sua própria identidade. Nem mesmo a “proposta” da estória escapa. Se me lembro bem Lorelai teve Rory com apenas dezesseis anos e isto gerou muitas desavenças com seus conservadores pais.
Sem contar quando Rory sonha ingressar para Harvard, e Lorelai não vendo outra saída; Ela decide ir aonde? Advinha? Até a cidade “Hartford” pedir aos pais um empréstimo. Também não dá para esquecer o carismático Luke Danes, dono da lanchonete mais movimentada de Stars Hollow, que serviu de inspiração para criação do Dixon’s. Escritores o que aconteceu com o termo: “levemente inspirado?”. É um Déjà vu? Não! Somente uma cópia melhorada de Gilmore Girls. Pois, trata-se da mesma velha e batida estória de drama familiar televisístico.
Porém, avaliando a fundo a situação de um pai solteiro é difícil em si mesma, todavia, o que realmente Eduardo Avellar quer expressar, são os aspectos mais “relevantes” que a personagem Leo tem de enfrentar, ao ter de desempenhar no seu cotidiano a enorme tarefa de ser pai e mãe ao mesmo tempo, entre sua vida particular com as demais pessoas, que é nada mais e nada menos que uma grande responsabilidade.
Curioso também é Liam, um jovem diferente dos demais da sua idade, faz o tipo de adolescente “certinho”, pensa por si próprio, Avellar marca um ponto positivo, no “inverso” da nossa juventude actual, ou seja, se fulano pular da ponte, “Eu devo pular também?”. Liam é uma personagem imposição a essa adolescência que acaba entrando em furadas, quando se sente o “todo poderoso”. O rapaz abandona o modismo e deixa de lado o termo: “Maria-vai-com-as-outras”, e demonstra também bastante segurança com um “plano” de vida e com certeza de ser um bom “pai” no futuro, pois, há momentos que sinto que o próprio garoto seja o “pai” do pai. Há uma cena em que Liam chega aconselhar o pai, a ter mais iniciativa e relacionar-se com seu objetivo amoroso. É mole, ou quer mais?
Enfim, amizade de pai e filho é descrita de forma saudável e satisfatória. É importante levar em conta grande Valor simbólico da amizade entre Leo e sua Mãe Kelly (atriz Kathy Bates de Valentine's Day), a matriarca responsável pela postura de “homem digno” do filho. Já Grayson (Victor Garber de Alias) pai de Leo, é um daqueles homens conservadores, que não tem um “semancol temporal”, e não percebe que as coisas mudaram, e que agora os erros ficaram no passado. Típico de pai que não aceita as decisões dos filhos, e o rumo a qual suas vidas tomaram. Desde que família é família, foram feitas para nos fazer felizes, e principalmente nos desapontar, e através dela que aprendemos aceitar e a respeitar, porque somos igualmente seres falhos.
Boas cenas constroem bons episódios. Quando pensamos num bom episódio, recordamos cenas e não o episódio inteiro. Pense em Supernatural. Do que lembramos? É claro das cenas em que Dean morre várias vezes no episódio 11 da 3°temporada, e de todas as formas, comendo um hambúrguer estragado, tomando banho, se barbeando, brincando com um cachorrinho; e etc. A forma como apresentamos as cenas na página definem o roteiro inteiro, pois, trata-se de uma experiência de leitura. Então, jamais devemos deixar o leitor com vagas descrições, sejamos detalhistas, porque num roteiro as imagens são totalmente importantes, e fazer o leitor imaginar o ambiente é errado, às vezes, até prejudicial.
Tem uma cena do piloto a qual quero ressaltar, que se passa na lanchonete Dixon’s, o “point” de encontro das personagens, e por sinal achei muito engraçadíssima, é uma conversa entre o garçom Aiden (Cameron Mathison de Studio 54) e a professora de dança Emily (Piper Perabo de Covert Affairs), aonde a mulher se queixa, da última disposições dos alimentos no prato e diz que pareciam que os “ovos” estavam encarando-a. É disso que falo, da surpresa no diálogo, pois, pensava tratar-se de algum perseguidor, e quando na verdade eles estavam falando sobre ovos. Jogando no Ventilador, de 0 a 10, a série recebe 5 por causa de ser uma cópia de Gilmore Girl.
Na semana que vem a série jogada no ventilador será “Here I Am” do autor Felipe Figueira
Coluna “Jogando no Ventilador