Espírito Vingativo, de Thales Dias, tem nome de filme de terror, mas faz o gênero das novelas das seis da globo. Apesar de não ser roteiro nem aqui nem na China, e nem no raio que nos parta, o enredo literário poderia ter sido muito melhor aproveitado se fosse bem escrito. Digo isso, porque em dado momento, o autor beira entre o roteiro -quando escreve verbos no presente - e o romance espírita, sem contar o texto extremamente curto, onde tudo começa numa discussão na cena 1 e termina com um tiro na mesma cena.
No final de alguns capítulos tem a definição de algumas palavras extraídas de livros espíritas, como Umbral (o local para onde os espíritos com vibrações negativas vão, após a morte do seu corpo,) e EQM (Experiência de Quase Morte), onde o espírito tem a chance de estar do outro lado para refletir sobre a sua vida, lembrar do que fez ou deixou de fazer o que estava programado em sua caminhada terrena.
Infelizmente, enredo, estudo sobre o tema, não suavizam a forma escrita e, nem mesmo Michael Jackson com sua ótima Smooth Criminal salva o dia. Aliás, não consegui imaginar essa música dentro dessa cena:
Jurandir está a caminho da casa de sua ex-mulher. Estava tomado pela sede de vingança. Ao chegar em casa e não encontrar Estela, ele começa a quebrar tudo. Dentro do seu quarto, Yasmin escutava a voz de seu pai. Apavorada, ela pulou a janela e conseguiu fugir. Foi atrás de seu namorado.
Nem mesmo a tentativa do autor de mostrar todo o seu molejo com nomes técnicos como 'Metilenodioximetanfetamina' (depois de umas 5 tentativas consegui ler direto sem travar) quando ele poderia ter reduzido para Metanfetamina, ou ido direto ao ponto com 'Ecstasy'.
Curto histórias espíritas bem fundamentadas, mas é preciso decidir entre um formato e outro, saber envolver o leitor, aproveitar o máximo do que aprendeu para compor o texto e passar isso adiante de forma convincente.
