Primeiras Impressões | Laços de Amizade

Cristina Ravela
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A novidade de hoje fica por conta do novo tópico Primeiras Impressões, onde o objetivo é fazer um review do piloto de uma série e 1º capítulo de uma novela, coisa que já era feito, mas resolvi usar um título já manjado em outros sites para diferenciar de outros reviews que são feitos para obras completas.


Uma das estreias de maio trouxe pra você alguns problemas com os pais, sim, meu caro, além de rivalidades, amor à primeira vista, novas amizades, tudo isso permeado por uma dose certa de espanhol.


Laços de Amizade é a nova novela da WebTV escrita pelo divo Diogo de Castro e na geladeira desde o tempo em que MSN e orkut eram a febre mundial. Por isso, não se espante quando um personagem estiver batendo papo pelo extinto MSN, mesmo sabendo que a obra poderia ter sofrido alterações e aderido ao Facebook.
O enredo é basicamente o mesmo que você já viu em outras circunstâncias da sua vida; Bruna (Karla Tenório) descobre que a mamãezinha é prostituta (Ah Feliz dia das mães!) e acaba descolando uma vaga na República Laços de Amizade através da mexicana Celina (Rosamaria Murtinho). Palmas para o momento espanholito de Diogo, mas bem que ele podia ter contratado uma atriz mexicana mesmo. A novela da Globo, Flor do Caribe, tem argentinos e uruguaio, não veria problema numa web novela com uma mistura light de elenco.
Daí a protagonista se apaixona à primeira vista pelo Marcelo (Daniel Ávila) que mantém um caso enrolado com a vilã Valeska (Thaís Pacholek), que fará de tudo para tirar a "songa monga" do caminho.

Minha primeira impressão é de que esta, apesar de ser mais do mesmo, é a melhor novela que a WebTV já exibiu, considerando que as outras, além de terem um enredo batido, pecam pela falta de desenvolvimento e mistura exagerada de roteiro com literatura. Arriscando nos padrões de roteiro (fugindo do estereótipo que o autor divulga em seu blog), tropeçando em alguns detalhes, mas se mantendo firme em deixar o enredo desenvolvido, Laços pode ser, até o momento, a melhor aposta da WebTV depois de tantas reestreias.

Mas como nada é perfeito, encontrei os tais detalhes na estrutura do roteiro. A localização dos eventos se misturou em meio a narrativa, como na cena abaixo:

 "| CENA 2 | Exterior. Casa de Carlos e Janaína. A jovem da cena anterior chega até a porta da casa indicada pelo camelô. É uma casa pequena com uma porta e uma janela do lado, ambas fechadas, a parede na cor marfim está conservada. Há um Gol na cor cinza parado na calçada. A jovem bate na porta, ouve-se um “já vai” vindo de dentro da casa. No interior do local, percebe-se que o imóvel é apenas um quarto e sala onde todos os cômodos são o mesmo, sem divisão de compartimentos."

Embora você tenha entendido que houve uma mudança de cenário e que corte de cena demais pode cansar a leitura, essa é uma maneira de autor e leitor se encontrarem dentro do texto. Eu mesma, em outra ocasião, já me peguei estranhando determinada cena porque julgava que os personagens estavam na cena tal, mas dentro dela, na narrativa, o cenário já havia mudado. Resultado? Tive que reler, Betty, principalmente se eu me meter a ler depois da meia noite. Depois de um certo horário eu me desconheço. 

Ponto para a descrição dos personagens, embora nem todos consideram tão importante levando-se em conta os atores que, ficcionalmente, interpretam os papéis. Diogo de Castro teve o cuidado para os leitores conseguirem se transportar para as cenas descritas e passadas em São Paulo. Imaginei perfeitamente a cena em que um cara sai da casa de Janaína (Cláudia Alencar) após pagar pelos serviços prestados. Lógico que isso não ocorre sempre; A cena em que Valeska tasca um beijo hot em Marcelo no momento em que Bruna chega à república, não me convenceu. Então eu estou na sala, chega a Grazi Massafera e eu agarro o Henri Castelli, assim, de repente? (Flor do Caribe para quem não entendeu) E o Igor Rickli? Como é que ele fica nessa história? Ok, brincadeiras à parte, esses detalhes não fazem tanta diferença quanto erros de português, e nisso Diogo mostrou ter domínio, tanto quanto no espanhol.

Bom, complementando esse review, a gente entende que roteiro não é só termo técnico; Não basta você colocar Fade In, Corta Para, CAM, e outros termos; É preciso ter um enredo convincente, desenvolver o texto, evoluir os personagens, afinal, mesmo não sendo uma obra literária, roteiro também é uma história, só que uma história que está acontecendo.
Ao contrário do que muitos pensam, roteiro não é só diálogo e muitos autores já provaram isso.

Parabéns ao Diogo. Que a WebTV possa investir mais em autores assim, e não trocar talento por audiência. A TV já faz isso por nós e eu sei que todo investimento precisa ser recompensado, mas é duro ver que as pessoas dão audiência a qualquer programa que os façam esticar os músculos da face, ou no caso do mundo virtual, programas em que você mexe na barra de rolagem e já encontra os créditos .

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