Meio A Favorita, não? |
Eu estava quieta no meu canto, ouvindo um rock básico quando o dever me chamou. Na verdade, fui convidada a ler a nova novela da INTV, Destino Fatal, escrita por Vinícius Henzel - aquele que reclamou por ninguém dar chance no mundo virtual para novatos. Lembrando que a INTV já ganhou uma review simples por aqui com a novela Floriz, então...
Pra começar...
Minha humilde reação |
Não encontrei sinopse, nem o autor me passou e eu menos ainda precisei. O enredo é simples: Num único capítulo, uma jovem perde o pai, o noivo, o emprego, e termina provocando um grave acidente após topar se divertir com uma amiga (não, ela não se divertiu desse jeito que você está pensando e menos ainda o acidente foi após algo erótico, menos). Só que para chegar a esse ponto você precisa de pelo menos...3/4 páginas. Você não leu errado.
A trama mistura roteiro/literatura e é tão rápida que se você não absorver de primeira, pode ler 3 vezes, pausar, ler em ritmo lento, só para ter a vaga sensação de que o tempo na história é longo e deu pra ocorrer tudo aquilo mesmo. Não sou contra a webnovelas que fogem do tradicional, aliás, adoro fugir do tradicional. Contei que comprei um chinelo masculino? #AmoC&A. Enfim, mas Destino Fatal só tem um núcleo encabeçado pela protagonista sofrida Ana e seus personagens coadjuvantes. Assim começa o capítulo:
CENA 1 – HOSPITAL – INT – TARDE
A câmera mostra a fachada do hospital “Bela Vista”, e logo, adentra o hospital até chegar na porta, com uma placa escrita “UTI”, então a porta é aberta, por uma jovem com cabelos ondulados, com expressão de desesperada. Ela apenas chora, e logo vemos ela próximo a uma cama, com um homem deitado, cabelos grisalhos. Ela olha pra ele desesperada.
Parece que a review de Floriz não serviu de exemplo para esse autor. Na verdade, nenhuma review. Cada cena precisa estar em um cabeçalho ou, pelo menos, o ambiente em letras MAIÚSCULAS.
CENA 1 – FACHADA / HOSPITAL – INT. – TARDE
CLOSE na logo BELA VISTA.
Corta para o seu INTERIOR
Onde a CAM invade os corredores até alcançar uma porta com a seguinte inscrição: UTI. A porta é aberta e há um homem deitado na cama, cabelos grisalhos. Logo a CAM revela uma jovem (descrição), ao batente da porta. Ela entra no
QUARTO
Desesperada e se aproxima do homem.
Era algo assim que eu gostaria de ter visto.
"Os dias passam..." - Não façam isso, povo.
"[...]parece estar com a aparência de triste e doente". - Parece ou está?
Sem contar a incoerência em praticamente todo o texto. Teve o noivo da Ana chamando-a de piranha e desistindo do casamento por ela tê-lo trocado pelo pai dela mesma. Aí acontece o seguinte:
Eduardo desliga o telefone. Sem nenhuma lágrima depois da morte de seu pai, Ana vai até o banheiro e toma uma ducha quente e tenta esquecer de tudo que ruim. Ela se arruma e sai de casa.
TUDO ISSO em um único cabeçalho!
Podemos prosseguir?
Podemos.
"Ana se retira da loja com lágrimas em seus olhos".
"Daniela liga o som e pega um champanhe. As duas bebem e ficam loucas".
"Daniela e Ana saem de casa e vão até o carro, Ana vai até o banco de motorista e começa a dirigir".
"O carro golpeia umas mesas de uma lanchonete e ultrapassa a estrada, Ana se desespera e tenta freiar, porém o carro bate em outro carro e então ela consegue parar, porém ela bate a cabeça e começa a sangrar".
Até rimou.
A trama contém erros de gramática, não é bem roteiro, tem um enredo sem emoção como se o autor tivesse pressa em mostrar a que veio. Parece aquela mãe contando um "Era um vez..." pro seu filho, mas desejando que ele durma logo, só que você termina e ele pede explicações.
Para não ter panelaço, vamos aos pontos positivos:
1. Para escrever, basta um pouco de criatividade, mas para divulgar, é preciso coragem. Parabéns ao autor por isso.
2. É brasileiro, não desistiu nunca.
3. A trama é boa, se fosse bem escrita.
Será que agora o autor entende o motivo pelo qual as emissoras mais populares não darem chance para novatos como ele?
Vamos refletir.
Para quem quiser conferir, segue o link AQUI.