Após sofrer duras críticas no grupo da CyberTv, autor fala sobre a polêmica.

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As críticas que recebo, elogios, construtivas ou destrutivas, são sempre bem vindas, aliás, para ser sincero, sempre dou mais atenção a quem me aponta falhas, ou erros de lógica, estrutura ou sequências. Eu pondero tudo o que me dizem. 



Marcelo Oliveira estreou na CyberTv e já chegou cercado de polêmicas. O autor assina a série "Crime no Subúrbio Carioca" que estreou na segunda, dia 17, e causou certo alvoroço entre os autores da casa. 

A polêmica, não envolvia diretamente o autor em questão, mas seu texto que foi duramente criticado entre os participantes do grupo. Alguns chegaram a dizer que "o texto era confuso e sem sentido". 

Outros defenderam Marcelo, falando que "o estilo diferente do autor não era um problema, mas que deveríamos escrever independente de estarmos em algum padrão, ou não". 

Para entender melhor os eventos que incendiaram o grupo nessa última sexta, eu conversei com o Marcelo sobre as observações que alguns fizeram, inclusive eu que escrevo, e me surpreendi com os argumentos dele. Confira abaixo a entrevista completa:

HUGO: Hoje, no Blog da Zih, eu tenho a honra de apresentar Marcelo Oliveira. Ele é escritor, e recentemente estreou Crimes no Subúrbio Carioca na CyberTV. Tudo bem com você, Marcelo?

MARCELO: Melhor do que mereço, Hugo, mas, por favor, não sou Escritor, sou um autor. Muito obrigado.

HUGO: Ok! Correções anotadas! Marcelo, você se denomina autor. Pode nos explicar qual a diferença entre as duas coisas?

MARCELO: Claro. Como amante da nobre arte literária, eu considero o Escritor como o profissional da escrita, a pessoa que alcança a excelência da arte. Eu sempre cito o exemplo do jogador de futebol. Não é porque a pessoa tem alguma habilidade, ou simplesmente gosta de jogar que pode se considerar um jogador. Eu amo a Literatura, por isso mesmo eu levo comigo esse pensamento, até mesmo para valorizar a arte. Antes eu me apresentava como contador de histórias, mas hoje eu já tenho alguns textos publicados em antologias e revistas eletrônicas, textos que já passaram pelo crivo de.profissionais que avaliaram e atestaram. Por isso me auto-intitulo "autor". Espero um dia poder assinar como Escritor.

HUGO: Marcelo, eu gostaria de te conhecer mais. Você pode se apresentar, por favor? Pode compartilhar um pouco sobre sua vida? Tipo: qual sua profissão? O que você faz além de ser autor? Onde você mora e se tem algum objetivo de vida?

MARCELO: Eu sou carioca, tenho 51 anos, casado, pai de 3 filhos e católico. Sou formado em Eletrotécnica e atualmente estou cursando Ciência da Computação da Unicarioca. No momento trabalho como supervisor de manutenção da rede hoteleira, moro na Cidade do Rio de Janeiro. Além dos meus deveres como cidadão e pai, sou um leitor, estou sempre com um livro a mão. Meu objetivo é deixar um legado para as pessoas que me cercam, algo que valha a pena, contar boas histórias, que faça diferença. O meu maior objetivo é conseguir uma publicação tradicional e ter a liberdade de trazer ao mundo todas as histórias que trago dentro de mim. Pra completar: geminiano e vascaíno (caso faça diferença).

HUGO: Parabéns pelas conquistas Marcelo! Hoje em dia ser pai de família não é tarefa fácil. É preciso ser firme pra sustentar uma família, educar filhos e amar uma mulher. Reconheço sua luta, pois estou casado a dois anos e vejo como é difícil, mas também gratificante.

MARCELO: Obrigado, Hugo, desejo felicidades a vocês. A vida a dois não é fácil mesmo.

HUGO: O que te levou, ou o que te inspirou a escrever ficção? Quais autores te inspiram?

MARCELO: O que me inspira até hoje é a paixão que desperta quando eu leio. É uma sensação de felicidade e bem-estar indescritível. Os autores que me.inspiram são os mesmos que despertaram e despertam cada vez mais essa paixão. Começando pelo meu mentor Machado de Assis, José de Alencar, Rui Barbosa, Dostoievsk, Júlio Verme, nossa são tantos...

HUGO: A escrita realmente desperta em nós algo que é difícil, dirá impossível, de descrever. Mas, que nos impulsiona a continuar escrevendo e criando. Essa é a lista perfeita.

HUGO: Marcelo, como você chegou na CyberTv? Quem te apresentou o site?

MARCELO: Na página tem uma escritora, a Raquel Machado, que partilhamos o mesmo grupo de WhatsApp, que falou tão bem da Cyber TV que me despertou a curiosidade. O pessoal de lá é realmente muito atencioso e me senti a vontade de começar a publicar as minhas histórias lá.

HUGO: E você começou muito bem, com a série Crime no Subúrbio Carioca. Você mora no Rio, testemunha essa realidade violenta, escrever a série, para você deve ter sido como descrever uma realidade bem próxima, estou enganado?

MARCELO: Sim, tem muitas cenas que busquei no cotidiano e noticiários televisivos. Mas, a história, apesar do apelo da realidade, é puramente ficcional. Graças a Deus eu não tenho contato com esse tipo de realidade. Como as pessoas poderão verificar, os meus personagens não são tão decadentes como acredita-se na realidade.

MARCELO: Obrigado por elogiar a história Crime no Subúrbio Carioca, ela tem uma estrutura narrativa que me deu um  trabalhão para escrever.

HUGO: Marcelo, chegamos em um ponto crucial da entrevista. Nos últimos dias, sua história sofreu algumas criticas. Gostaria de saber primeiramente como você lida com as críticas? Você acata, pondera, ou não?

MARCELO: As críticas que recebo, elogios, construtivas ou destrutivas, são sempre bem vindas, aliás, para ser sincero, sempre dou mais atenção a quem me aponta falhas, ou erros de lógica, estrutura ou sequências. Eu pondero tudo o que me dizem. O autor/escritor que não gosta de críticas nunca evoluirá na profissão. Mas, eu não as aceito simplesmente, porque é preciso ter sabedoria para entender o que realmente é aplicável e justificável e o que é feito de uma percepção individual. De qualquer forma é uma comunicação entre o autor e o leitor. Nunca hei de ignorar ou menosprezar uma crítica.

HUGO: Li os episódios disponíveis de Crime no Subúrbio Carioca e gostaria de elogiar seus diálogos. Eles retratam de forma quase perfeita o realismo nas falas.

MARCELO: Obrigado. Sempre tive grande dificuldades com diálogos. Eu misturava ações de um personagem na fala de outros e isso trazia uma confusão enorme a compreensão da história. Mas, acho que agora acertei a mão.

HUGO: Agora, Marcelo, vou entrar em alguns pontos sensíveis.

MARCELO: Pois não.

HUGO: Alguns autores no grupo da Cyber apontaram alguns pontos dentro da história. A respeito do protagonismo. Alguns comentários foram sobre a ausência de um protagonista que guiasse a história. Você concorda ou não? E, sobre esse tema: protagonista, o que você tem a comentar e a acrescentar?


MARCELO: Eu estive pensando a respeito dessas críticas. O enredo de Crime no Subúrbio Carioca tem uma peculiaridade um pouco diferente do que normalmente se encontra em uma história. Ela começa sendo dividida em três tramas, com núcleos diferentes, e cada uma delas tem seus próprios personagens. Quando comecei a escrever tive a ideia de dar ao leitor três histórias diferentes acontecendo simultaneamente. Concordo que isso pode causar alguma confusão, mas, se o leitor prosseguir nós capítulos, ele conseguirá se familiarizar com esse ritmo. O protagonismo é dividido entre esses núcleos. Mas, considero que não tornar isso mais atrativo seja uma falha minha.

HUGO: Confesso que também gosto de histórias com mais de um protagonista. Como uma série de Tv geralmente apresenta. 

MARCELO: Quanto a protagonistas, acredito que é uma parte essencial de qualquer história (claro que existem histórias sem protagonistas, assim como frases sem sujeito). Um protagonista bem escrito já é meio caminho andado para uma boa história.

HUGO: Mas, sei que não é fácil conduzir os personagens nas frentes de cada núcleo. É um desafio e tanto.

MARCELO: Essa foi uma das dificuldades, dar destino a todos.

HUGO: Seu estilo foge um pouco do que estamos acostumados a ver na Cyber e até na literatura comum. Você concorda com essa afirmação? Você acredita que a construção de sua narrativa e até a forma de formatação seja diferente do comum. Ex: a construção de diálogos, o salto de uma cena para a outra com pouca ou nenhuma descrição, etc.

MARCELO: Concordo que essa história em particular foge ao padrão tradicional. A força dela está nos diálogos. A falta de descrição é para dar um tom mais realista do tipo: uma coisa está acontecendo mas a compreensão do porquê só vira mais a frente. Quanto a descrições, eu sigo um pouco a técnica narrativa de deixar o leitor a vontade para criar na mente a ambientação. É como quando estamos no trânsito e vemos um sinal amarelo, qualquer um imagina que ele se tornará vermelho a qualquer instante e esperam por isso. Ninguém precisa escrever que isso vai acontecer. As situações entrelinhas estão lá, basta ter atenção. O que eu vejo muito nas histórias de hoje em dia é que as leituras tem sido muito "mastigadas", do tipo: "o fulano se levantou e pegou o copo d'água..." eu emprego muito a técnica "show don't Tell". O leitor vai perceber com que intenção cada personagem está agindo. Ou terá que aguardar o desenrolar da cena para entender.

HUGO: É possível notar que o texto fica mais ágil, mas será que isso prejudica a imersão do leitor? É como ler um texto somente com descrições, onde você não tem diálogo nenhum, ou ao contrário, quando o texto só tem diálogo e nenhuma descrição. Você acha que um meio termo, não seria o ideal? Qual sua opinião sobre isso?


MARCELO: O leitor que está lendo já tem uma predisposição para consumir a história. Eu acredito na capacidade de adaptação da inteligência cognitiva do leitor. Explico: se o leitor começa a ler e gosta das primeiras linhas, o instinto intelectivo dele irá se adaptar a forma como a história está sendo mostrada. Então, a forma que está escrita não será um obstáculo. É claro que, quanto menos confuso vier será mais fácil compreende-la. De qualquer forma, tudo dependerá de como ele aceitará a história.

Se não, ficaríamos preso a somente um padrão de história sem nenhuma novidade a acrescentar.
Não estou dizendo que eu quero ser um revolucionário, ou que tive essa intenção, foi apenas a inspiração que tive para escrever desse jeito. Tem gente que não gostou, tem gente que adorou, um editor não sentiu nenhuma dificuldade no enredo, outra sim. Tudo é relativo.

MARCELO: Interessante você tocar nesse ponto, Hugo, porque acabei de escrever um conto, com pouco mais de 5k palavras sem nenhum diálogo e quem leu adorou.

HUGO: Sim, estou lendo As vinhas da Ira, que tem poucos diálogos e longas descrições. Estou gostando bastante também.

HUGO: Alguns acharam seu texto confuso, sem saber qual personagem estava falando, o ambiente em que estavam e não compreenderam a lógica do episódio, sem um começo, meio e fim. O que você tem a dizer sobre isso?

MARCELO: Que preciso modificar o texto para ficar mais explícito sobre quem está dizendo o quê. Mas, é a primeira vez que ouço essa reclamação. Quanto ao início da história ela começa branda porque tive mais preocupação de dar melhor contexto as cenas, além das descrições geográficas, apresentar alguns personagens absolutamente relaxados em seus lugares-comuns.

HUGO: Vou dar um exemplo do último episódio.



HUGO: A cena começa com o diálogo da mãe e da Camila. Como há um corte abrupto da cena anterior para essa cena, o leitor que está seguindo o fluxo da cena anterior, é obrigado a pausar o ritmo e entender o novo diálogo e o novo ambiente. É como se tivéssemos que entender a lógica do autor pra então compreendermos a nova dinâmica. Essa é uma opinião minha. Você acredita que isso prejudica o texto e o entendimento, por parte do leitor?

MARCELO: Como eu disse, acredito na capacidade cognitiva do leitor. Esse diálogo vem no capítulo 2, certo? Até aí o leitor já terá a compreensão da estrutura da narrativa. A separação será através dos asteriscos antecedentes às cenas. Se puder traçar uma divisão, será perceptível que essa cena está sendo sequência de uma outra do capítulo anterior, no horário que a antecedeu.
Além da leitura das cenas há um exercício de memória para que o leitor tenha compreensão das histórias. 

Certamente seria muito mais fácil descrever um núcleo somente do início ao fim e depois retroceder nos horários para descrever as outras histórias. Mas, tem uma consequência, o entrelaçamento perderia a força totalmente.
É preciso ter em mente que as cenas passam em tempo simultâneo, por isso os cortes de cenários.

HUGO: Você pode afirmar que seu texto requer um exercício maior de atenção?

MARCELO: Sim. Até para mim que o escrevi exigiu muita atenção.

HUGO: Você achou que as críticas recebidas tiveram algum cunho pessoal? Ou realmente os comentários foram isentos de opiniões subjetivas?

MARCELO: Pessoal toda crítica é. A crítica é a percepção do leitor sobre o texto. Mas, isso não é nenhum demérito. O pior seria a pessoa ler, discordar e não passar ao autor essas reclamações. Com certeza ponderarei cada ponto e tomarei as decisões que eu entenda serão para melhorar a história.

HUGO: Marcelo, pra finalizarmos eu tenho certeza que você aposta muito na sua história. Creio que as críticas que lhe fizeram até hoje também ajudaram a construir quem você se tornou. O que você pode dizer para o leitor a respeito de Crime no Subúrbio Carioca? Por que nós devemos continuar lendo a sua história?

MARCELO: As críticas são muito bem vindas e certamente tomarei providências para minimiza-las, porque a intenção é chegar a excelência.
Crime no Subúrbio Carioca é uma novidade em termos de Literatura e história de ação. Acredito que posso surpreender o leitor com uma narrativa dinâmica (o que não quer dizer que seja sangue a todo instante) em um processo de técnica paralela, descontínua. Tem elementos de uma história de ação, suspense, violência, amizade, traições, enfim, uma gama de situações que podem parecer corriqueiros, mas, que trazem em si dimensões maiores do que aquelas que estamos lendo. É um exercício mental e de memória, e com um toque de romantismo entre os personagens. 
Peço ao leitor que continue a ler para poder entender todo o conceito que procurei imprimir na historia e que pode até despertar um pouco sobre a malícia do mundo real.

HUGO: Marcelo, muito obrigado pela entrevista. Parabéns mais uma vez pela estreia de Crime no Subúrbio Carioca. Gostei da sua postura, seu ponto de vista e principalmente da humildade em dar ouvidos às críticas, ainda que não sejam de profissionais. Você gostaria de deixar suas últimas considerações?

MARCELO: Hugo, quero agradecer a atenção e a oportunidade. A honra de responder a essas questões é toda minha. Espero ter sido bem claro e prestativo para que o leitor tenha uma melhor experiência ao ler Crime no Subúrbio Carioca.

MARCELO: Só um último pedido, no dia 22/02 às 17:00, na Cyber TV, será publicado o conto Perfume do Jardim, espero que leiam. É uma história de amor que foi inspirada na música Vento no Litoral, da Legião Urbana. 
Um conto totalmente diferente de Crime no Subúrbio Carioca. Espero que todos gostem.

Então, como vocês puderam notar, Marcelo esclareceu todas as dúvidas a respeito de Crime no Subúrbio Carioca. Desde já fica o convite para você conferir essa história na CyberTv, às segundas, quartas e sextas às 23hs.





E não perca! Terça-feira, dia 25, às 23h na Cyber Tv, estreia Incognoscível 2.



Até a próxima.

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