Vultures | Autor promete, mas, não cumpre

Luiz Fernando de Oliveira
2

A trama é livreiro ou roteiratura?
Mediante a uma grande divulgação intensa e certamente bem trabalhada na Internet, a série “Vultures” de Gustavo Soares (Mesmo Autor do fiasco Secrets), que tudo indicava ser a promissora estréia de agosto tanto com o público, e como na originalidade, inevitavelmente peca na narrativa e no excesso de erros de português, até mesmo com palavras que na minha opinião foram inventadas, ou supostamente por ignorância da etimologia de tais palavras. Se me aprofundar nesta fundamental questão, a crítica transformará numa análise linguística ao invés de uma conseqüência cinematográfica. Também não quer dizer que deixarei este assunto de canto, porém, será discutido ao longo da crítica. Ressaltando novamente que nós do BDZ não somos grandes escritores, com cadeiras na ABL. Contudo, pelo amor do pai das letras! Ao menos antes de lançar ou postar qualquer texto na Internet, dê uma revisada no texto, se tiver dificuldade peça ajuda a um amigo, ou professor.



A trama gira em torno da depressiva personagem Jess, e vivida pela modelo inglesa Daisy Lowe. Certa feita a jovem encontra um misterioso diário boiando sobre as águas da cidade pertencente a um autor desconhecido chamado Alef. Dentro do caderno o autor relata que há uma cidade intitulada Vultures, e seus sobreviventes são atacados por um estranho vírus mortal fazendo com que seus habitantes matem uns aos outros, ou seja, infestada de zumbis. Não obstante esse tipo de trama estar mais batido que pandeiro em desfiles das escolas de samba e render bons resultados nas telinhas, mesmo assim o Autor não consegue ser feliz neste piloto. Não estou dizendo que a série seja propriamente ruim. Isto é, a princípio a escrita parece ser bem deleitosa, só parece, no entanto, o que não me entra goela abaixo e muito menos me motiva é aquela mescla literária com a técnica funcional de roteiro. Penso comigo: “Livreiro ou Roteiratura?”. Os dois segmentos não aguçaram em nada o meu paladar durante a leitura, porém, nem por isso derruba a trama.

Francamente a elaboração da cena inicial é de tamanha façanha e esplendor. Muito bem executada, se diz de um aspecto cinematográfico impressionante e de cunho profissional. Contudo, para por aí, da segunda cena em diante “Vultures” se perde, e eu “perco” a vontade de ler. São “enes” fatores que vão desde os erros marcantes de português, de palavras que não existem, até descrições dificultosas, que devem apenas fazer sentido para quem as criou. Certa altura da trama, o autor descreve que uma personagem “Grunge os ombros”, eu não estou viajando, não. Era isto que li. Até onde eu sei Grunge não é verbo, e o que eu conheço é um subgênero do rock alternativo que surgiu no final da década de 1980 no estado americano de Washington. Por um momento pensei que o autor tivesse confundido com o verbo “grunhir”. Bem, foi o que chegou mais perto de Grunge. Infelizmente grunhir é soltar gritos para certos animais. Conclusão, o porco grunhe. Isto é, a partir do momento que um ombro se tornar o animal porco, pode grunhir à vontade. Clareando mentes, uma personagem “dá de ombros”, entenderam? E não precisa ser “letrado” para perceber que “erros” dessa magnitude estão espalhados por todo roteiro.

Um ponto positivo na série foi o caderno encontrado por Jess nas águas, é um “chamado à aventura” muito inspirador. Soares utiliza esse artifício com tamanha sabedoria, porque uma vez confrontado com esse desafio, um personagem não pode mais permanecer no seu mundo comum. Pois, o que está em jogo, pode ser expresso por uma pergunta, e de certa forma foi feita pelo próprio chamado: “O que há no caderno?”. Mas, na hora “H” Jess chega em casa, e ao invés de ler o conteúdo do caderno, simplesmente vai dormir no sofá da sala. Por um momento fiquei chateado por isto, aí me lembrei que na maioria das tramas de filmes ou séries, o herói experiencia o medo, e com freqüência, hesita logo antes de partir para jornada, ou seja, “recusa o chamado”. É necessário que sempre haja uma influência que o faça mudar de ideia e vencer o medo, como a morte de alguém muito querido, por questão de honra, ou por encorajamento de um mentor, que no caso de Jess, seria o namorado e médico Drew vivido pelo ator e modelo inglês Max Irons.

Outra peça importante e extremamente significativa: são os conflitos internos e sentimentos de culpa da personagem-central Jess, que se culpa a todo o momento pela morte dos pais. Durante a série torcemos para que Soares trabalhe a personagem na busca da sua identidade e na totalidade do seu ego, e é nesse processo que Jess se tornará um ser humano completado e integrado. E na verdade todos nós somos heróis, enfrentamos inimigos e até mesmo monstros internos. Ultimamente, o que mais tenho visto nas séries virtuais, são nomes de músicas famosas pertencentes a bandas ou cantores igualmente famosos se tornarem títulos de séries ou de seus capítulos, o mesmo se dá com a série Vultures, que também é nome de uma canção do músico norte-americano John Mayer. No tocante, a trama de Soares contém até certo nível de suspense, e não é ruim. Jogando no ventilador de 0 a 10, a série recebe 4, pelo o autor prometer muito e não cumprir na narrativa.

Coluna “Jogando no Ventilador”


Postar um comentário

2Comentários

Please Select Embedded Mode To show the Comment System.*

#buttons=(Aceitar !) #days=(20)

Nosso site usa cookies para melhorar sua experiência. Saiba mais
Accept !