Review de “O Retrato D, Ela” | Conheça o retrato da novela de Julio Henrique

Batman
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“Prefiro os que me criticam, porque me corrigem, aos que me elogiam, porque me corrompem.” – Santo Agostinho.

Com receio de criar lágrimas nos olhos do autor ou da produção da novela que compõe a crítica de hoje, exprimo a fala de Santo Agostinho – que foi Santo, então pode ajudar – para atenuar qualquer agressividade que eu possa vir a ter. 

A novela do quadro, hoje, é “O Retrato D, Ela”, escrita por Julio Henrique e considerada “sucesso” nos bastidores da emissora, Blog TV, por alcançar oito pontos de audiência.

A história de Julio Henrique tem efeito semelhante ao da flatulência: ninguém vê, só sentem o cheiro. E, infelizmente, ela (“O Retrato D, Ela”) mostra-se incrivelmente parecida à situação descrita: ninguém sabe que existe, mas quando o cheiro sobe (tem crítica), todo mundo acaba conhecendo. Infelizmente, temos que convir: quando aproximadas ao público alvo, ambas não são queridas.



A história de “O Retrato D, Ela” baseia-se em fatos reais. Minto. É tipo crônica, tem o pezinho na realidade, mas puxa pra ficção. Quem leu a crítica anterior, deve ter percebido que eu não curto aquele tipo de história que se compara facilmente ao pote de açúcar que você, leitor, tem em casa. E a novela de hoje segue o mesmo preceito.

Continuando... Podemos resumir a trama em: uma mulher, em tempos atuais, vasculha o porão de um Museu no Rio de Janeiro. E encontra um relicário. Este, possui a foto de uma mulher; estava dentro de um diário. Pronto. Já deu pra açucarar tudo, né? Agora, a história mira para outro século, o século da história do diário, e irá contá-la. Tratar-se-ia do quê? Duvido que vocês acertem. Ah... De uma bela história ao fundo da fuga da família real para o Brasil! Não é lindo, gente?

Pronto, o suficiente para acabar com tudo. Junta a história da família real, que a gente tá cansado de ler, ouvir, num roteiro que não conta absolutamente nada aos leitores, apenas lança letras ao ventilador, além de uma fictícia e chata história de amor... Eu sabia que não daria certo. E eu acertei.

Em uma estrutura que chamarei de hajar (você também pode criar um nome, basta ir aos comentários), o autor escreveu o primeiro capítulo. Sim, foi a única explicação que eu encontrei para um roteiro de pouquíssima narrativa, diálogos totalmente infantis e nenhuma característica formal da estrutura de um roteiro. Hajar está muito longe do roteiro que conhecemos.
  1. No comecinho, a palavra letreiros não existe; aparece uma localização aos leitores do nada e eles têm que se virar para saber que é uma. 
  2. Na cena 3, por exemplo, quando o capítulo mira a história para 1808, em Portugal, tudo torna-se incrivelmente enigmático ao leitor, que não possui nenhum diálogo que demonstre a ele quem são os personagens que sucedem. Apenas suas falas brotam na tela. 
  3. No decorrer do capítulo, conhecemos Ricardina e Simão, o casal açúcar que havia comentado. E, realmente, as falas deles são deploráveis. Não por erros de Português (ou só por tais), mas pelo excesso de infantilidade. Falta amadurecimento. 
  4. Aliás, é uma verdadeira dicotomia o item anterior a este. O amadurecimento, que não existe, realiza-se em Simão, anunciando que também vai para o Brasil e abandonará Ricardina. É, no mínimo, um ato de independência pessoal, não? 
Não só os erros citados, também me espantou erros da língua Portuguesa, que no início parecia bem mantida pelo autor. São eles:
- Letícia: Simão? (cosa o olho!).
- “Nosso exercito não tem como nos defender!”
- Simão: Tenho maus noticias!
- E eu terem que ir com eles!
Além desses, há ausência de vírgulas durante todo o capítulo.

Gostaria de ressaltar, agora, dois pontos. Trata-se de traços das cenas 3 e 4.
  • Na primeira, Julio Henrique tenta contar a decisão de D. João, seu tesoureiro, Simão (que eu não sei o que fazia no meio da corte) e toda a família, a fugir de Portugal. E para uma novela que tem espírito formal, a cena pareceu-me cômica, se não trágica.O autor apresenta-nos, na cena, Carlota Joaquina e Princesa Isabel. Mas pera aí, Princesa Isabel não foi a Redentora, a que “libertou os escravos” no período monárquico de D. Pedro II? O que D. João faz vivo, se ela existe? E Carlota Joaquina? 
  • Na cena 4, onde Simão encontra Ricardina e conta a ela que terá que partir, a mesma, no início, faz “compras”, mas só o entendimento comum fez-me chegar a tal conclusão! Porque em nenhum momento o autor diz isso. De repente, vê-se à frente de Simão; e faz compras; e anda; e carrega sacola. Confusão!
Para fim de papo, “O Retrato D, Ela”, que, até o letreiro, acho que está errado (não deveria ser “O retrato d’ela”?), é ruim. É inevitável afirmar que a trama tem fortes características infantis e um roteiro, vulgo hajar, bem diferente do tradicional.

Só desejo melhoras ao autor. Leia, estude. Sempre existe capacidade. Como pontuação, a trama recebe 1,5, devido aos poucos diálogos bons e a estrutura correta do cabeçalho.

É isso. Até mais.

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