O primeiro capítulo da novela começa. E eu espanto-me. Numa cena completamente célere, Felipe inicia a história em Otávio, que julgo como personagem secundário. Ele está ao telefone, falando com sua mulher, tentando convencê-la de ir a uma festa. Uma festa que prometeria abalar o capítulo. E, nessa hora, eu perguntei-me: que raios Otávio, Giovanna e Juliana (sua mulher e filha) têm a ver com o núcleo principal da trama? Que raios foi esse início? Parecia continuação de segundo capítulo, como se já os conhecêssemos bem, não o início de uma trama. E, inicialmente, dei uma viajada e troquei todos, de forma que Otávio, para mim, era Alcides (o pai de Marcelo, que fugiu com ele). Confesso que esse início me embolou de tal forma, que eu trocaria por panorâmica do Cristo Redentor, que, por sinal, poderia ter uma boa agilidade – pois acredito que o interesse dessa cena foi, juntamente com outros elementos, passar uma imagem de “agilidade” para o público. E... Vejamos... Acho que eu estava certo.
O ritmo das primeiras cenas é de tirar o fôlego. E eu não gosto muito disso. Cenas rápidas são ótimas para entrosamento do leitor em uma ação que está prestes a acontecer, mas não em um cenário em que o leitor não tem noção de quem é quem. Aqui, eu daria uma de Maneco e apostaria diálogos mais amplos, racionais. Aliás, esse, pra mim, foi o principal defeito de toda a estreia de Relações Perigosas: o autor parecia atropelar o próprio pensamento com cenas tão rápidas, falas tão ligeiras e informações que são novas para alguém que ele pretende(ia) conquistar.
Por incrível que pareça, também encontrei traços literários no roteiro.
– Na cena 14, há: “Heloísa observa tudo com um pouco de ciúmes”;
– e, na cena 34, Felipe descreve a reação de Marcelo subjetivamente, com a frase: “Mesmo assim, Marcelo parece estar decidido em encontrar a casa de sua mãe.” Por que não: “Mesmo assim, Marcelo parece confiante”?
No meio de toda essa opinião, exposição de erros a acertos, tem algo que não deu pra passar em branco: ponto de interrogação. O autor, simplesmente, anulou seu uso em DUAS falas. E isso é um erro gravíssimo. Sem interrogação, até pode haver entendimento pelo contexto, mas é a base de separação de dois elementos distintos do diálogo: a afirmação e a interrogação.
– CENA 12, fala de Ana Carolina: “Alguém ligou pra mim?”;
– CENA 15, fala de Marcelo: “De onde vocês tiraram essa foto?”.
Erros da língua, encontrei apenas um. Trata-se, na cena 14, de um horrível “vão ir”. No resto, erros tangentes e diretamente relacionados ao emprego de vírgulas, deficiente em todo o capítulo.
Continuando o desenvolver do capítulo, tem mais dois erros relacionados ao desenvolvimento do capítulo que deveria destacar. O primeiro é quando Marcelo descobre que sua mãe na verdade está morta. Eu imaginei, da forma que foi contada, uma coisa de dois minutos. Assim: sentou-se na cadeira, olhou pro chão, caiu uma lágrima forçada e levantou pra continuar a história. Meio “Malhação”. E, depois disso, um baita, hiper, fascinante clímax que foi pro lixo: a cena em que Marcelo descobre a morte da mãe, um homem, provavelmente cúmplice do desaparecimento de Marcelo e que está de olho na empresa, entra na mansão (que ele diz até que é sua) e já vai questionando quem é Marcelo. É o FILHO DA ANA CAROLINA! E o homem olha com aquela cara de surpreso! FECHOU AQUI! O capítulo era pra ter acabado aqui. Porque, daí pra lá, eu não gostei. Foi uma embolação, açúcar com marmelada, casalsinho mostrando que vai formar-se em breve, um nojo. Eu ficaria com aquela cena super bem escrita e que daria um bom clímax ao capítulo.
Aliás, gente, passei direto e nem comentei a morte da Ana Carolina. Eu confesso que ri. A mulher caiu da escada, no meio da festa chique, morreu, foi divulgado a todos e o autor simplesmente cortou pra outro núcleo, com uma conversa paralela, nada a ver com o acontecimento principal. Deixou-me com uma sensação super esquisita.
Mas, salvo tudo o que disse, “Relações Perigosas” é uma boa história. “Ah, mas você criticou negativamente muito”. Não, nem tanto. Eu falei que está um lixo? Não falei. Pelo contrário, é a primeira aqui do blog que vai receber nota maior que 5 de mim. Porque, salvo os erros apontados, a estrutura de roteiro está perfeita, as descrições são boas, os diálogos condizentes e, muito, bem formatados e categorizados ao estilo de cada personagem. É uma boa história, é uma ótima trama. Só que, como já apontei aqui, roteiro preza detalhes! E essa crítica revela bem isso. “Relações Perigosas” leva 8,0.
Por incrível que pareça, também encontrei traços literários no roteiro.
– Na cena 14, há: “Heloísa observa tudo com um pouco de ciúmes”;
– e, na cena 34, Felipe descreve a reação de Marcelo subjetivamente, com a frase: “Mesmo assim, Marcelo parece estar decidido em encontrar a casa de sua mãe.” Por que não: “Mesmo assim, Marcelo parece confiante”?
No meio de toda essa opinião, exposição de erros a acertos, tem algo que não deu pra passar em branco: ponto de interrogação. O autor, simplesmente, anulou seu uso em DUAS falas. E isso é um erro gravíssimo. Sem interrogação, até pode haver entendimento pelo contexto, mas é a base de separação de dois elementos distintos do diálogo: a afirmação e a interrogação.
– CENA 12, fala de Ana Carolina: “Alguém ligou pra mim?”;
– CENA 15, fala de Marcelo: “De onde vocês tiraram essa foto?”.
Erros da língua, encontrei apenas um. Trata-se, na cena 14, de um horrível “vão ir”. No resto, erros tangentes e diretamente relacionados ao emprego de vírgulas, deficiente em todo o capítulo.
Continuando o desenvolver do capítulo, tem mais dois erros relacionados ao desenvolvimento do capítulo que deveria destacar. O primeiro é quando Marcelo descobre que sua mãe na verdade está morta. Eu imaginei, da forma que foi contada, uma coisa de dois minutos. Assim: sentou-se na cadeira, olhou pro chão, caiu uma lágrima forçada e levantou pra continuar a história. Meio “Malhação”. E, depois disso, um baita, hiper, fascinante clímax que foi pro lixo: a cena em que Marcelo descobre a morte da mãe, um homem, provavelmente cúmplice do desaparecimento de Marcelo e que está de olho na empresa, entra na mansão (que ele diz até que é sua) e já vai questionando quem é Marcelo. É o FILHO DA ANA CAROLINA! E o homem olha com aquela cara de surpreso! FECHOU AQUI! O capítulo era pra ter acabado aqui. Porque, daí pra lá, eu não gostei. Foi uma embolação, açúcar com marmelada, casalsinho mostrando que vai formar-se em breve, um nojo. Eu ficaria com aquela cena super bem escrita e que daria um bom clímax ao capítulo.
Aliás, gente, passei direto e nem comentei a morte da Ana Carolina. Eu confesso que ri. A mulher caiu da escada, no meio da festa chique, morreu, foi divulgado a todos e o autor simplesmente cortou pra outro núcleo, com uma conversa paralela, nada a ver com o acontecimento principal. Deixou-me com uma sensação super esquisita.
Mas, salvo tudo o que disse, “Relações Perigosas” é uma boa história. “Ah, mas você criticou negativamente muito”. Não, nem tanto. Eu falei que está um lixo? Não falei. Pelo contrário, é a primeira aqui do blog que vai receber nota maior que 5 de mim. Porque, salvo os erros apontados, a estrutura de roteiro está perfeita, as descrições são boas, os diálogos condizentes e, muito, bem formatados e categorizados ao estilo de cada personagem. É uma boa história, é uma ótima trama. Só que, como já apontei aqui, roteiro preza detalhes! E essa crítica revela bem isso. “Relações Perigosas” leva 8,0.
Gostaria de parabenizar o autor pelo esforço e desejar muito sucesso.
Ah, e, dessa vez, não tem imagem erótica. Uma pena.
Até mais.