Primeiras Impressões | Carpe Diem - Amores e Desafetos

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 "Colha o dia, aproveite o momento"


Você já teve que mudar de cidade ou fez uma longa viajem, e sentiu aquela saudade imensa dos seus pais, daquele irmão chato, ou dos amigos que ficaram?

Pois é! É sobre isto que o novo e-book "Carpe Diem- Amores e Desafetos" trata. 

Se você ainda não leu os versos de Samuel Brito, eu aconselho que você o faça urgentemente. O autor mandou bem abrindo o coração e contando sobre seus amores, memórias e infância.

Carpe Diem é tudo isso e muito mais. 

Pra começar, preciso confessar que não conseguia parar de ler os versos. Pode não parecer, você pode não acreditar, mas eu gosto muito de poemas.

Coincidentemente, semana passada havia acado de ler um livro de um poeta. O livro se chama Rilke-Cartas a um jovem poeta.


Eu amo os conselhos que o Rilke dá para o jovem senhor Kappus. Se você não sabe, Rilke foi um grande poeta austríaco nascido em 1875 e é um dos autores de língua alemã mais conhecidos no Brasil.

Rilke chega a escrever em uma de suas cartas o seguinte conselho:

O senhor me pergunta se os seus versos são bons. Pergunta isso a mim. Já perguntou a mesma coisa a outras pessoas antes.

Envia os seus versos para revistas. Faz comparações entre eles e outros poemas e se inquieta quando um ou outro redator recusa suas tentativas de publicação.

Agora (como me deu licença de aconselhá-lo) lhe peço para desistir de tudo isso. O senhor olha para fora, e é isso sobretudo que não devia fazer agora.

Ninguém pode aconselhá-lo e ajudá-lo, ninguém. Há apenas um meio. Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende as raízes até o ponto mais profundo do seu coração,

confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa de sua madrugada: preciso escrever?

Desenterre de si mesmo uma resposta profunda. E, se ela for afirmativa, se o senhor for capaz de enfrentar essa pergunta grave e com um forte e simples "Preciso", então construa sua vida de acordo com tal necessidade;

Bem dramático o que o poeta aconselha, né? Mas é isso mesmo. E, por qual motivo esses conselhos vieram à minha mente?

Porque quando terminei de ler os 39 poemas do e-book, senti que o autor tinha escrito com sangue. Tinha escrito com vida.

Samuel parece que deixou um lugar de muito afeto e partiu para terras distantes. Não conheço muito o autor, mas o pouco que fiquei sabendo parece ser isso mesmo.

Samuel saiu do interior da Bahia e foi morar na Europa. Creio que essa experiência, da distância, de deixar sua família, amigos, o local de infância, marcou muito a existência do autor. E, é sobre isso que ele escreve:

CONVERSA NO CAMPO

Banquinho de madeira

À sombra da mangueira


Falar sobre a vida

Dar atenção devida


Amores e flores

A primícia das dores


Fomos felizes

Apesar dos deslizes


Hoje são memórias 

Um dia contaremos essa história


O autor busca em sua história matéria-prima pra escrever seus versos. E, assim como o velho poeta Rilke aconselhou, Samuel divide um pouco o que encontrou dentro de si. E isto, é rico e verdadeiro.




Dia desses, eu estava ouvindo uma palestra de uma filósofa falando sobre Nietzsche. Ele disse algo assim:

Eu não sou um escritor que sempre está com a pena molhada e o tinteiro aberto. Eu escrevo com sangue. Escrevo com vida.




A filósofa explicava que aquilo que o filósofo quis dizer era que ele escrevia segundo suas experiências. Escrevia sobre questões que lhe incomodavam, que lhe tiravam a paz.

Nietzsche fazia grandes questionamentos, sobre a vida, a existência, sobre a moral, o divino. Um homem admirável, por vezes controverso, mas nada comum. Ele foi extraordinário.

E assim como o poeta Rilke aconselhou, Nietzsche encontrou perguntas e reflexões em profundas imersões em si mesmo, na natureza, nos outros.

É preciso estar em silêncio pra ouvir a voz do silêncio.

É preciso sensibilidade pra tocar o seu coração, e por tabela, o coração do outro.

Eu lembrei da minha cidade do interior. Lembrei das conversas até altas horas, das aventuras no campo, banhos na cachoeira, amigos e risadas. Lembrei de minha tia preparando o almoço. Ela adorava fazer sopa de feijão e me ver tomando.

Lembrei das Marias que conheci, e Samuel também lembrou

DONA MARIA, MEU AMOR

Sonhadora, forte

Uma mulher brasileira

Sozinha criou os filhos

Olha que mulher guerreira


E nós sofremos junto com o autor. Pois ele escreve sobre seus amores, suas frustrações e decepções amorosas. 

Quem nunca sofreu apaixonado? Quem nunca amou e não foi correspondido? E, os amores platônicos?




QUANDO EU DESCOBRI

Quando eu descobri

Já era tarde

Se soubesse antes

Não seria tão covarde


Sempre me encantaste

Desde o primeiro dia

Lembro do primeiro olá

Do primeiro abraço

Só não lembro do primeiro beijo

Não houve...Mas já sonhei tanto

Pena que sonhos não se realizam


Foi mal, amigo. Espero que essa ferida amorosa tenha sarado. Mas, isso é sincero e consegue conectar bem o leitor com drama.

Carpe Diem é sobre saudade. Sobre um amor infantil, não correspondido e não concretizado. É sobre tipos que você encontra no cotidiano. Aquela senhora do interior que te convida pra tomar café.

Sobre os amigos que te convidam pra ir na casa da tia, só porque não querem ir sozinho. É sobre caminhar na calçada acompanhado, contando causos e a fofoca do dia.

É sobre ser, e não sobre ter.

Ser feliz. Ser paz. Ser companhia.




O autor utiliza de poemas dramáticos, líricos e narrativos. Tem alguns regulares, mas a grande maioria é livre, ou seja não se preocupa com métrica e rima.

Os poemas dramáticos e narrativos utilizam um narrador, personagens, o enredo e onde se passa a ação. Já os poemas líricos se concentram em ideias, emoções e sentimentos, ele é mais livre.

O tema da maioria dos versos é o amor. 

Amor pelo que ficou, pelas paixões e pela vida em si. Vida vivida, que poderia ser vivida e vida que ainda será vivida.

Fica a dica de leitura: Carpe Diem, de Samuel Brito.

Por hoje é só.

Até à próxima.


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