Primeiras Impressões | No te pido flores

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 Dance, balance e se divirta.


No te pido Flores é uma série de Everton Brito, exibida semanalmente na Rajax, e sua estreia foi no dia 13 de abril. 

A sinopse destaca que a história é sobre quatro personagens: Lupe, Martin, Lupita e Esmeralda.

Lupe e Lupita trabalham no restaurante A La Mexicana e testemunham o dono sendo preso após uma armação orquestrada pelo empresário inescrupuloso Martin Bracamontes. O motivo da armação? O restaurante está em um local ideal para o seu novo empreendimento.

Já Esmeralda é noiva de Martim, mas após um encontro inusitado, acaba sentindo algo mais por Lupita. Sua mãe, Roxana, lhe obriga a manter esse noivado de fachada, pois devido à sua ambição, ela deseja que Esmeralda case com o empresário.

Se você não leu o primeiro episódio, se prepare para alguns spoilers.

A primeira cena se passa no restaurante com um musical divertido de Lupe, Lupita e Hernande, o dono do lugar. Após esse momento de puro entrosamento, o trio é surpreendido pela polícia, que acaba encontrando droga no estabelecimento e levando o dono preso. Antes de ser levado pelos policiais, Hernande pede que Lupe vá atrás de Martin Bracamonte, acreditando que este possa estar envolvido com essa armação.

Como Hernande sabia do Martin? Não é revelado!

Logo após, somos apresentados ao empresário ambicioso Martin Bracamontes. E de cara, conseguimos identificar a má índole da pessoa e o seu charme, em uma cena divertida em slow motion. Ele havia subornado um profissional para gerar a prisão de Hernande. Sua motivação é somente conseguir o lugar, como já foi dito.

E, as apresentaçoes continuam nesse início de episódio. Agora, conhecemos Esmeralda, uma atriz que interpreta a vilã de uma telenovela, mas que no fundo parece ter uma alma infantil, em busca de um momento para si, mas, tendo que cumprir uma carga de obrigações reforçada pela mãe Roxana.

Esmeralda é a heroína sonhadora, que observa a roda gigante pela janela do carro e que acaba esbarrando com Lupita. Há um encontro de almas, e parece que a mocinha fica encantada pela garota desastrada que derramou sorvete sobre si.

As cenas de Esmeralda e Roxana foram eficientes em demonstrar essa complexa relação entre mãe e filha, onde a mãe tem um domínio absoluto sobre tudo da vida da filha. E, como Esmeralda deseja sair e viver fora desse controle de sua mãe. Um só olhar pela janela e o caminhar em direção à roda gigante, pode significar muita coisa dentro de um contexto.

As últimas cenas se concentram em Lupe e Martin, protagonizando um primeiro embate, um pouco desproporcional? Sim, mas totalmente aceitável dentro da proposta da série, que é ser aquele tipo de drama pastelão, escrachado e mexicanizado. Essa palavra existe? "Mexicanizado"?

Everton Brito entrega o que prometeu na sinopse. Um drama pastelão, alvoroçado e histriônico, mas, muito bem narrado.

As cenas foram econômicas e conseguiram passar um pouco dos conflitos que cada personagem viverá. O conflito interno mais visível ficou com Esmeralda, que está lutando dentro de si para ser livre, mas devido à sua carreira como atriz e as cobranças excessivas de sua mãe, se encontra em um dilema entre ser livre ou viver sua carreira oprimida.

Os outros conflitos foram mais pessoais. Martin agindo de forma inescrupulosa para conseguir o que quer, mesmo que tenha que colocar um inocente na prisão.

E, Lupe se atracando na porrada com Martin, por quê? Não sei. Não ficou claro isso.

Não existe nenhum tipo de conflito extra pessoal. Não há nenhuma força da natureza, ou elemento externo que antagonize contra os personagens.

Gosto da quantidade de personagens apresentados nesse primeiro episódio. Geralmente, isso quer dizer uma maior profundidade na personalidade de cada um. Não sei como o autor conseguiu administrar essa questão, mas há certa identificação com cada um que foi apresentado, e o público (eu) sente que pode conhecê-los melhor.

Cada pessoa vive pelo menos em três esferas distintas nesse mundo. O aspecto psicológico, social e pessoal. Então, abordar essas esferas e seus conflitos, enriquece a trama e gera engajamento.

Os diálogos também são econômicos, apresentando um pouco do interior dos protagonistas e levando a trama adiante. Afinal, estes são os principais elementos de um bom diálogo em narrativa: externar o ser de cada um, e levar a história um pouco mais para frente. (E isso aconteceu com Hernande quando ele fala para Lupe procurar Martin. Pena que não ficamos sabendo como ele tinha essa informação).

Resumindo, No te pido flores é despretensiosa e divertida, apesar de não apelar tanto assim para a comédia. Há uma mistura de novelão mexicano, com humor de novela das sete, e um misto de drama mais soturno, com Martin ambicioso.

Acerta com a quantidade enxuta de personagens, suas apresentações e seus conflitos. 

Peca um pouco por não se arriscar com algo a mais, algo fora do eixo. Everton peca por acertar demais. Não é um demérito para a obra, mas faltou um pouco de tempero. Não sei se me entendem? Dá pra comer, mas não é aquela coisa de revirar os olhos. 

Fica aqui o link para a série. Para quem quer ler algo leve e que busca narrar com clareza, é uma ótima pedida.

Por hoje é só.

Até à próxima.






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