Primeiras Impressões | Story of Witches brinca, mas não diverte

Cristina Ravela
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Muitas estreias marcaram presença na nova emissora Unbroken Productions, comandada pelo chefão Lucas Posey, e como tudo que envolve críticas, polêmicas e sacanagem (aquela sacanagem porreta, compreende, amigo? Se não, você já já entenderá) eu acabo me envolvendo junto. Semana passada estreou Story Of Witches, uma série sobre bruxas (amo o tema), escrita por Marcos Henrique. Bora conferir?


Sinopse: 
Ava Brooks (Chloe Moretz), 16 anos, acaba de perder o pai em um incêndio em sua casa, e sem saber o porquê ou a verdade por trás dessa misteriosa tragédia. A vida da garota se transforma quando ela conhece Jack, Lindsay, David e Gina, um grupo de amigos que dizem serem Bruxas e revelam á Ava que ela é a quinta e última garota para completar a Liga. O destino vai revelar consequências e perigosas Maldições. 

Pra início de conversa, essa é uma crítica NEGATIVA, portanto, se não quiser ler, não leia pra depois não achar ofensivo. Quero dizer, você pode achar ofensivo, porque eu também achei. Simples. Ah, e contém SPOILER.








Eu gostaria de saber onde a maioria desse povo da UP aprendeu a escrever, sério. Quando eu comecei, há 10 mil anos atrás, os blogs quase nunca ficavam ativos e eu tinha a impressão de que tudo era uma panelinha. Aprendi lendo os roteiros de amigos, de série de TV, apostilas, estudei o que pude de roteiro e ainda estudo, portanto, nada justifica alguém ainda escrever "[???]" em início de diálogo.



PONTOS POSITIVOS:

1. A história sobre bruxas não é ruim, aliás, seria estranho se eu dissesse que sim.

2. A coragem do autor de exibir uma trama que, a meu ver, não parece que levou um tempo para ser desenvolvida. Escrever hoje e postar na semana seguinte é pra poucos...

3. A abertura se salvou. O tema instrumental deu o toque dark para um cenário que envolve fogo e magia. Achei harmônico.


PONTOS NEGATIVOS:

1. Não houve descrição nem dos personagens, menos ainda do ambiente. Não, peraí! Ava ganhou uma descrição depois da abertura, tipo após umas 3 cenas.

2. Michael: Onde será que ela está?
[???]: Ela sabe se cuidar, Michael.

Sabia que é possível identificar se é voz feminina ou masculina, só de ouvir? Como seria isso na TV?

Use "VOZ FEMININA (O.S):", onde
O.S: Significa Off Screen, quando o personagem está em cena, mas só ouvimos sua voz.
V.O: Significa Voice Over, quando numa narrativa ou conversa telefônica.

Viu? Isso foi uma demonstração de sacanagem porreta, a qual me referi no início do post, e que você estava achando que era outra coisa...


3. Nomes sublinhados antes de diálogos. O certo é apenas em negrito e com as letras maiúsculas.

4. Ausência de rúbricas.

5. Falta de cabeçalhos.
"Ela volta ao quarto, ainda nervosa e prefere não contar á Elena sobre o espelho. Ela começa á se organizar. Em alguns minutos, Ava e Elena estão prontas. As duas entram no táxi:"

6. Não use dois pontos antes de um diálogo, POR FAVOR! Em que roteiro você viu isso?
"Ava escuta um barulho em sua casa através do celular e Michael diz:"
"Ava e Elena dançam loucamente e uma diz:"


7. A obsessão do autor pelo acento no artigo "a" me deixou petrificada.
"Michael: Esqueça á Ava ou eu acabo com você."
"Ela que reformou á casa"

8. Enredo fraco, diálogos forçados, situações toscas.

Tudo começa numa boate onde Ava e sua amiga entram com identidade falsa. O "dançam loucamente" também é encontrado em sua variável como "transam loucamente" em textos de semelhante estilo.
Daí, passa para Michael Brooks, seu pai, que tem uma conversa séria com uma bruxa chamada Sharon (que me remeteu a um episódio de Raíza). Aí a bruxa leva um tiro e morre (?). Ava vai para a casa e a vê sendo consumida pelo fogo com seu pai dentro. Um tempo se passa, um grupo de bruxos se reúne para procurar pela última bruxa do clã - Ava - e termina com Ava recebendo sua tia Molly que lhe diz coisas estranhas. Finish.


E para finalizar, o comentário do autor sobre as críticas recebidas no site da UP:

"Marcos H.: E no próximo episódio de Story of Witches talvez eu lhe chame para "Formatar" o roteiro. Certamente para criticar você é formado e profissional de tal exercício."

Querido Marcos, eu não preciso ser Bethoven pra dizer que qualquer música de verão, tipo Lek Lek é ruim. Ninguém precisa ser um Quentin Tarantino pra dizer que Uwe Boll é ruim. Ou seja, ninguém precisa ser profissional em determinada área para expressar sua opinião e seu conhecimento. Basta estudar um pouco sobre o assunto e verá o erro de cara.

Espero que com essas dicas você possa melhorar. Sugiro uma leitura em webs que já passaram pela sua fase ou nunca estiveram nelas - Deus é mais! - e no livro Como Formatar seu Roteiro - Guia de Master Scenes, de Hugo Moss. É claro que nem eu sigo as técnicas no duro, porque tornaria o texto maior do que já é. Você pode encontrar apostilas contendo algumas aulas do livro pela internet. Isso não vai lhe tornar um profissional na área, mas certamente vai entender os amadores que o criticam.



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