Review de Medéia | História salva, mas Português destrói

Batman
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Falo, hoje, de “Medéia”, série escrita por Everton Brito, com Victor Ferreira no cargo de supervisor (porque ele jamais será supervisionador, cujo significado desconheço, mas é o que propõe o site de Tena Andrade).


O primeiro episódio da série, apresentado com divisão em atos, abertura 5D (esta, para aflorar os ânimos dos críticos de plantão) e logotipo aceitável – se não levarmos em conta a falta do acento agudo –, possui alguns erros preocupantes, mas acertos consideráveis. Vamos à resenha.


Erros de Português
Destaco, em primeiríssimo lugar, a nossa eterna e consagrada gramática, que faz, da língua Portuguesa, um desafio para muitos. Entretanto, não há desculpas quando se fala em um texto com autor, supervisor e editor. Convenhamos... Alguém deveria ter enxergado os erros que apontarei em seguida, não acham?
  1. "Não vamos deixar em puni"; 
  2. “Ás vezes”;
  3. “Medéia, a parar”; 
  4. “tranqüila"; 
  5. "Heliort adentra no quarto”; 
  6. “Guarda roupas”;
  7. “dasaguisado”; 
  8. “coracão"; 
  9. “cepultura”;
  10. “gêmidos"; 
  11. “tudo que nos torna feliz e válido”; 
  12. “só por que ela furtou algo”; 
  13. “á empregada”; 
  14. “encontran-se”; 
  15. “Hoje á noite”;
  16. “ir á feira”;
  17. "freqüentando"; 
  18. "E nos dois dançando"; 
  19. "ou morre eu"; 
  20. "de cima abaixo"; 
  21. "curvasse diante do Rei"; 
  22. "han?";
  23. "á boneca (sentido de falando com)"; 
  24. "Medéia sorri, mas diabólica que nunca"; 
  25. "De onde vêm? (para uma pessoa)";
  26. "se apróxima";
  27. "bibliotéca".
Contando as repetições de alguns desses, ocorreram 30 problemas graves, gramaticalmente falando, durante o texto do primeiro episódio. Deveria ser, no mínimo, revisto.

⦁  Em segundo lugar, há problemas com relação aos cortes e/ou cenas.
CENA 01- CIDADE DE LONDRINA [EXT./DIA]
ABRE A CENA.
Quando colocamos "abre a cena" após um cabeçalho, a expressão torna o contexto da ação uma grande redundância, já que é evidente que, após um cabeçalho, a cena inicia-se, abre-se. Tal expressão repete-se.
CENA 03- CASA DE ALCESTE [INT./DIA]
PLANO GERAL. CASA SIMPLES E MEIO EMPOEIRADA.
Agora, o erro está na expressão "casa", que, repetindo-se (no cabeçalho e no parágrafo de ação), também causa redundância. O ideal seria: "Plano geral do lugar simples e empoeirado".
CENA 12- CASTELO- QUARTO DE MEDÉIA [INT./DIA]
DIALOGO ENTRE MEDÉIA E LINDINALVA. (...)
LINDINALVA- Como pode ter tanta certeza que ama esse tal rapaz, se vocês se viram apenas uma única vez?
Nesse caso, encontramos outra redundância. Agora, porém, entre a ação da cena e o diálogo. O autor anuncia, erroneamente, um diálogo - o que é óbvio, já que temos falas pospostas.

⦁  Com relação a história, encontrei dois pontos confusos. 

O primeiro ponto é a relação entre Jasão e Lindinalva. Em pleno século XIX as empregadas - Lindinalva - já podiam participar dos bailes, nos castelos? Fiquei em dúvida...

O segundo é o encontro entre Jasão e Medéia no cemitério. Levando em contra que ambos tiveram um forte embate no início do episódio, presumo que uma nova caracterização - novas roupas, cabelo... - deveria ser adotada por Jasão antes de ele ir até Medéia novamente, como uma outra pessoa. Mas Everton Brito apenas anunciou: "ADENTRA UM RAPAZ, JASÃO, DESTA VEZ BEM VESTIDO." Ora... Medéia teria que sofrer de amnésia para não se lembrar de Jasão, pois o fato de o mesmo estar bem vestido não o muda por completo, a ponto de fazê-lo uma nova pessoa.

"Duas Caras" inspirando.

Por último, gostaria de destacar que senti a trama um tanto quanto solta. Cenas pequenas demais, assim como os atos - e, consequentemente, acontecimentos acelerados, causaram-me certa confusão. Jasão e Medéia, por exemplo, viram-se e já transaram - em pleno cemitério! 

A história tem um vão grande, que é desde a morte de uma familiar de Jasão até sua transformação para conquistar aquela que mandou matá-la. Entretanto, Everton não soube conduzir esse grande vão da trama, criando diálogos corridos; cenas confusas e, muitas vezes, sobrepondo a ação dramática. Uma bela passagem de tempo, contando a transformação de Jasão em um homem de dinheiro, por exemplo, seria uma boa saída para o vão do enredo.

Apesar de tudo, o autor soube driblar suas adversidades e construir um texto técnico, ou seja, conseguiu construir um roteiro! Com falhas? Evidente. Mas isso não tira o brilho, por exemplo, da última sequência do episódio, muito bem escrita e louca, como só Medéia poderia ser. Tudo isso, certamente, seria melhor se a fonte da página da Rede Purple ajudasse: aquilo é uma coisa espremida, confusa, que torna o texto pior do que, muitas vezes, é.
Até mais.

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