Here I Am | Um verdadeiro desfile de personagens de peso

Luiz Fernando de Oliveira
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A série nos leva numa viagem ao mundo da moda e de sua competição acirrada


Para quem nunca soube diferenciar um casaco “Prada” de um “Dior” e jamais sequer ousou passar os olhos pelas páginas da revista “Vogue” em toda sua vida, um breve contexto seria desnecessário. Em torno do circuito “fashion” enraizou-se um forte misticismo moderno, culminando-se nas “imbatíveis” Editoras de Moda. Falando sinceramente, são elas as incumbidas pela análise final do trabalho dos estilistas e, detêm opiniões mais fortes e crucias do que os conhecidos departamentos de marketing do mundo, encarregam-se de todo o preparo da divulgação ou da abominação pública do que acontece no universo das passarelas de desfiles afrescalhados.



É debruçado sobre esse contexto que Here I Am de Felipe figueira ganha forma, mesmo escritor da extinta série “Apolion”. A estória desenrola na “selva” de Nova Iorque e a trama gira em do torno dos bastidores da moda, abordando desde esferas comportamentais de profissionais deste ramo até as grandes festas de lançamento de coleções. Apesar de Here I Am acabar soando como uma versão “serializada” do filme “O Diabo Veste Prada” (está aí a personagem Maya vivida por Anne Hathaway, que não me deixa mentir), a série conta realmente com um “desfile” de personagens bem construídas e com diálogos ágeis. A prova disso é o retrato fiel do mundo da moda aliado ao trato fino com cada cena e detalhes que fazem a diferença, como na cena inicial, na qual Summer recebe alta do seu médico, é visível na forma como Figueira escreve, e como o autor demonstra-se bastante seguro e muito à vontade quando esboça a trama. Entretanto confesso que a série é muito inferior a Apolion.

A produção explora muito bem a sensacional personagem de Olívia vivida por Helena Bonham Carter (Harry Potter e as Relíquias da Morte p.1 & 2), ao meu ver o que Figueira realmente procura nos passar através de sua trama que o caminho no ninho de cobras, dos interesses e coisas do tipo não é fácil para ninguém, e os preconceitos de hoje arraigados em nossa mesquinhez poderão tornar-se a nossa imagem de amanhã. E uma das coisas mais interessantes na série é justamente acompanhar essa mutação pela qual as personagens passam do momento em que penetram o universo da fama e do glamour. As seqüências de cenas são impecavelmente construídas a base de situações conclusivas. Ressaltando uma das cenas hilárias, é quando Rebbeca vivida por Penelope Cruz (Piratas do Caribe 4 - Navegando em Águas Misteriosas) vai roubar a coroa do Coco Chanel, é muito, mas, muito engraçada mesmo.

Ultimamente tenho lido diversas séries e prestada atenção que muitos escritores têm usado o termo (V.O) de modo incorreto. Como exemplo vou usar um trecho retirado de Here I Am logo abaixo:

A câmera Mostra o exterior de um provador de roupas, que está fechado. Vemos um par de sapatos através da fresta abaixo da porta. Próxima ao provador, está uma ATENDENTE uniformizada. Veste um blazer azul marinho.

Ouvimos uma voz vinda de dentro do provador

V.O.: Poderia trazer um número menor?

O recurso do “(V.O) voice over” acontece quando um personagem ou narrador que não está em cena fala por um rádio, telefone, narração, ou pensamento. Enquanto o que deveria ser usado na cena acima seria o “(O.S) off screen” – de onde vem o termo “off” – refere-se a um personagem em cena, mas fora da tela no momento – Como Colin Wayne que fala de dentro do provador e dialoga com atendente da loja.

No tópico da Beta há um vistoso cartaz de Here I Am, aonde informa que a produção foi baseada na série “The Beautiful Life”, criada por Ashton Kutcher, contudo, a série foi cancelada após somente dois episódios irem ao ar. Convenhamos que com isso Here I Am possa ganhar espaço e conquistar uma identidade própria, e explorar o que TBL não pôde com o seu término prematuro. Enfim, não é só quem acompanha o micro-universo da moda vai entender, mas, também escritores dispostos a aceitar uma nova temática ingressando o mundo da SVs.

Jogando no Ventilador, de 0 a 10, a série recebe 8, por não ter dado um foco maior nas personagens Summer no primeiro episódio, sem dúvida a melhor de todas.

Na semana quem vem a próxima série jogada no ventilador será Connected do autor Artur Junges Leme.

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