Juninho T. ressurge das cinzas de Destroyer pra iniciar uma Guerra de Qualquer Um.
Olá. gente boa e má da minha humilde existência.
Lá trás, bem lá trás, Juninho T. (ou Bruno Júnior na certidão, acho) nos presenteou com uma obra prima do medo chamada Destroyer. O cara ficou meio traumatizado com a crítica aqui do blog, deu um tempo nos Himalaias, aprendeu um mantra esperto, e retornou com a série Army Of Anyone. Será que algo mudou?
Desce rebolando...
Army Of Anyone conta a estória de uma guerra, em 1998, enfrentada no Texas, nos Estados Unidos, que se encontrava numa crise econômica graças ao mau governo de Oliver (Henry Czerny). Carson Garcia (David Morrissey), o coronel máximo do exército, deu um golpe de estado junto de sua tropa e tratou de separar o Texas dos Estados Unidos, assim, tornou-se um país. Jason (Noah Wyle), ex-major do exército de Carson , foi contra a proposta e acabou enterrado vivo, entretanto, ele sobreviveu e deseja justiça. Passaram-se os 15 anos, e hoje, em 2013, a população luta para acabar com o governo, mas isto não será tão fácil, pois Carson instaurou uma série de regras totalmente invasivas nas pessoas, e quem não cumpre, morre.
Sob a revisão do ótimo João Pedro Tusset, o piloto começa perfeitamente com um cenário de guerra, manifestantes lutando por melhorias, soldados dando cabo de todo mundo, vida que se vai, vida que se vem. Na cena seguinte, há uma passagem de 15 anos e o cenário está todo destruído. Uma bela introdução, realmente fiquei de cara com a produção dessa cena, meus caros e minhas caras. Mas tamanha perfeição acabou fazendo o autor escorregar no roteiro na tentativa de se sair melhor do que a série anterior.
"[...]Focar em uma rua, onde milhares de guardas caminham em direção ao povo. Eles possuem armas e escudos.[...]"
Narrativa muito pontuada, ótima para uma cena de ação e também para rápidas tomadas de câmera, mas algumas frases poderiam ser reduzidas para evitar o erro na decupagem implícita. Ponto final indica corte de cena, tanto para cenário diferente, quanto para outros personagens ou qualquer objeto na cena atual. Portanto, se a câmera mostra os guardas, mostra também suas armas, certo?
"Focar em uma rua, onde milhares de guardas, em posse de armas e escudos, caminham em direção ao povo."
Errar é humano, todo mundo em algum momento da vida, já cometeu erros na escrita e/ou no falar, mas tendo Jp Tusset na revisão...Fiquei sem entender nessas frases como isso foi acontecer:
"[...]É esse o país em que vivemos, e é esse o país em que morreremos.[...]"
"[...]Não há ninguém ali, não ouvimos e não vemos nada, há não ser um rato, [...]"
"[...]Ela repara que Oliver tenta concertar o objeto.[...]"
Voltando sobre o uso da câmera:
"[...]A câmera vem entrando num bairro isolado no Texas. Chão de terra. Repara-se que ele é um pouco isolado do centro do Texas. Ali tudo está destruído.[...]"
Roteiro é aquilo que você vê na tela da sua tv LCD, o que significa que se a câmera mostra um bairro isolado, mostra também se ele está destruído ou não. É automático. Pense no que o telespectador verá assim que a cena se abre. Ele verá um bairro destruído e isolado, né? Não se pode isolar as duas cenas que nasceram pra ficarem na mesma frase, sacas?.
"[...]Mais adiante, Greg, menino jovem, de cabelos loiros, olhos azuis, barbudo,[...]"
Lembra que em Destroyer o autor tinha sério problema em detalhar personagens? Pois bem, eu te pergunto ONDE o divo Shawn Ashmore (irmão de outro lindo Aaron Ashmore) é menino? E menino jovem ainda por cima. Greg é jovem e basta. Vamos seguir...
"[...]LILLIAN – E você me acha o que? Uma garota de programa?
CARSON – I daí? Eu te acho minha quando tem que ser, ponto final. Eu não me caso com você.[...]"
Deixa eu explicar uma coisa: Não é porque você é carioca que tem que escrever carioquês, compreende amigo? "I daí" poderia ser bem vinda entre aspas como linguajar de um carioca em terra natal. Carson é vivido por David Morrisey e never and never essa frase caberia em seu dicionário.
Pensa se o autor fosse gaúcho como o JP ou paulista como Israel Lima? Seria um tal de "E daí, tchê?" ou "E daí, meu?", que nem Gzuis salvaria.
O problema do autor foi o mau uso da câmera e erros de pontuação e gramática, mas que graças ao bom Pai, não comprometeram tanto assim o enredo e nem chegaram a se igualar a sua antecessora, o que não quer dizer que eles podem se repetir. O piloto começa de forma primorosa, com Texas destruído, pessoas tendo hora pra se recolher, porque se for visto na rua é morto, um governo opressor e forçando o povo a uma vida indigna. Com todos os detalhes possíveis, juro que me senti lá no meio daquele novo país, respirando aquele ar poluído, vendo a gruta onde Jason se escondia. E um autor que consegue te transportar para qualquer cenário, é digno de respeito, podendo até te fazer esquecer que ele andou pecando na dramatização também. Ora o Carson era o governador durão, ora parecia um jovem mimado. Os diálogos denunciam qualquer um.
As falhas são notáveis, mas o esforço do autor, um texto minucioso sem ser cansativo, torna a série capaz de se tornar um dos destaques do ano.
Posso dizer que Juninho T. não é mais aquele que destruiu "Destroyer", mas aquele que deu a volta por cima dos escombros.
Army Of Anyone | Encontrado um sobrevivente pós-guerra
dezembro 01, 2013
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