Mas que alegria quando me deparo com um piloto fresquinho. Adoro povo escrevendo cada vez mais, continuem me alegrando assim.
Outro dia, recebi o piloto da série Game of Lies e resolvi espiar ao som de Adam Lambert. Pra quê? O autor Lucas de Mattos ainda está escrevendo The Phoenix - críticada AQUI - tentou aprender alguma coisa - admiro os esforçados - e acabou derrapando. Confira a sinopse:
"Em um dia normal de trabalho Andrea chega em casa e a encontra vazia e após choros e desesperos ela se da conta de que Carl desapareceu, é quando recebe uma mensagem dizendo que para vê-lo novamente ela deve fazer tudo o que for mandado. O único problema disso é que Andrea começará a viver um inferno, tendo que matar para salvar a vida de seu filho, descobrindo segredos, e o pior é que o sequestrador pode estar mais próximo do que ela imagina."
Diante de uma sinopse atropelada pelo não dominio básico da gramática, o que podemos esperar do restante?
O enredo conta com Vera Farmiga no papel de Andrea Hudson, uma contratação ofensiva, tendo em vista sua brilhante atuação em Cruel Intentions. A trama gira em torno de uma família rica, conversando sobre assuntos bobos, numa cena patética, recheada de detalhes desnecessários.
Vamos partir logo para os pontos negativos e positivos?
PONTOS NEGATIVOS:
1. "Na "cabeceira" da mesa está Jim Hudson, que é administrador de uma grande empresa privada bancária. Na lateral esquerda - pela visão de Jim Hudson - vemos o primeiro lugar ocupado por um garoto de 6 anos de idade, Carl, que é filho de Jim e Andrea Hudson - esta ainda não está na sala de jantar - brincando com duas miniaturas de carros."
Não se descreve parentesco, nem função dos personagens, até que isso seja revelado através de diálogo ou em alguma cena, como quando JIM estava no escritório.
2. "Ela traz uma espécie de panela de vidro nas mãos - não literalmente, já que ela usa luvas térmicas, para não queimar-se, já que o conteúdo dentro da panela, que parece ser sopa, é quente [...]", completando: "E parece bem gostoso, pela cara - não literalmente, já que não podemos ver seu conteúdo, mas sua imaginação deverá ajudar".
3. "JOSEPH - Vamos parar de "lero lero" e vamos comer!
MARCUS - Isso mesmo! Concordo com Joseph!
Os dois riem em um tom alto, como se aquilo fosse algo extremamente engraçado,[...]"
4. "Andrea trouxe seu filho, Carl, para o quarto, porque ele está com sono."
Seria tipo:
Andrea trouxe seu filho, Carl, para o banheiro, porque ele quer fazer o número dois.
5. "Andrea se ajoelha ao lado da cama e começa a cantar uma canção de ninar." - Isso só funcionava no cinema mudo, querido.
6. Suspensezinho no final. Carl desaparece e Andrea recebe um bilhete ameaçador, apenas. Nada que faça você sentir um frio na espinha. Nada convidativo, ok?
7. Furo dramático. Sabe quando você não sente a emoção nos personagens? Quando parece que eles não têm a idade que deveriam ter? Andrea Hudson mais parecia uma jovem de 20 anos tendo que se submeter a um teste de sofá. "JACK: Pronta?", pergunta o advogado, após ambos terem retirado as roupas.
8. O piloto se resumiu em uma conversa fiada, o carinho de Andrea para com o filho, o sexo no escritório e o sumiço de Carl.
PONTOS POSITIVOS:
1. Não está a mesma coisa que The Phoenix, o que significa que o autor está se esforçando.
2. O piloto trouxe a proposta da sinopse, que era uma mãe tendo seu filho raptado. Chato quando você propõe algo que só vai acontecer no 5º episódio, aí você descobre que o 5º é a metade da temporada.
A ânsia de expor uma nova obra, tratar de um assunto favorito, acaba nisso que você viu. Não parece que houve planejamento, tampouco leitura de outras obras, ou houve, o que pode ser espantoso. Muitos detalhes desnecessários tornam a leitura lenta - como visto nos tópicos 1, 2 e 4 deste post - e derrubam qualquer cena de ação. Chuck Norris te despreza, portanto.
Mas relaxa, Lucas, The Phoenix foi pior.
Vou ficando por aqui, daqui a pouco eu volto, porque o show não pode parar.