Primeiras Impressões | Militância marca retorno de Caminho Único

Cristina Ravela
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A 3ª temporada de Caminho Único não difere muito das anteriores, mas agora tem um novo atrativo: o formato semelhante a Malhação - Múltipla Escolha.



Anunciada na Comic Con Virtual 2018 como uma das estreias para o ano que vem, o autor João Paulo Ritter adiantou as coisas e estreou a 3ª temporada de Caminho Único no último dia 21.

A trama da OnTVplay é um dos sucessos da emissora, baseada na série canadense Degrassi: The Next Generation, só que agora o formato, segundo o autor, está do jeito como ele propôs, ou seja, semelhante a Malhação - Múltipla Escolha.

Você encontra alunos e seus dilemas adolescentes e de vida adulta; conflitos com interesses contrários aos deles, e típicos da idade; amores e amizades; e militância. Uma Malhação de outrora com a atual.

Quer saber o que achei do novo episódio de Caminho Único? Aquela que se você abreviar estremece as barreiras do conservadorismo?

Abreviando em pensamento / Descobrindo o resultado

 Siga-me os bons!

Pontos positivos de Caminho Único


  • Militar pra mim é verbo!

A frase você já deve ter visto por aí, e ela faz muito sentido nesse cenário. Um tema que é discutido em Malhação também tem vez no mundo virtual, mas sem o merchan pesado que poderia tornar Caminho Único pedante e unicamente uma trama que trata dos assuntos de forma "politicada".

O personagem Guilherme resolve protestar contra a falta de rampas para cadeirantes, desde que presenciou a dificuldade de Rafael. A luta por melhorias no novo Fundamental 2 sofre uma pequena e considerável barreira: colegas que insistem no interesse amoroso de Guilherme no novo aluno e que, além disso, não movem o dedo para ajudar o colega cadeirante. Um tapa nessas pocs, porque tiro ainda é crime. AINDA.



A série de JP Ritter já tratava de assuntos polêmicos nas temporadas passadas, como o aborto.


  • Conflitar e escancarar é preciso!

Tivemos também aquele conflito básico na vida de adolescentes LGBT's. Leonardo, cansado de ser o passivo da relação com o Rodrigo, propõe inverter os papeis depois de conhecer um casal ativo. Rodrigo ficou assim ao ser pego de surpresa:




Caminho Único também traz um pouco do universo do autor, como o K-Pop (gênero musical coreano), os assuntos já abordados da comunidade LGBT's, o ENEM, e aquela alfinetada básica sobre o governo. Segundo ele, não existe pretensão da série enveredar-se para os caminhos políticos.


  • Tem cara de novela, tá?

O roteiro melhorou muito desde a primeira temporada. Não me refiro apenas a estrutura mas também ao desenvolvimento que acaba sendo semelhante a uma novela. Cenas curtas, bons diálogos, e quase tudo ocorrendo de maneira que você não sente falta de nada. Quase tudo. Esse "quase" nos leva ao tópico seguinte.

Pontos negativos de Caminho Único


  • Personagens que somem

Caminho Único é uma série, mas se comporta como novela, bem como Malhação é uma novela teen com temporadas. O diferencial é que JP Ritter deixa todos serem protagonistas em sua história, focando nos problemas de cada um. Porém, alguns personagens ficaram apagados, como a diretora Rita e a secretária Simara.

Ambas conversavam sobre a brilhante ideia de lançar o Fundamental 2 (coitada, agora vai ter que surtar ou aceitar o protesto de Guilherme, provando que a tal ideia carece de algo mais para ser brilhante). Simara, então, faz o comentário que deixa no ar em quem a Rita votou nas últimas eleições:

"SIMARA
Do jeito que vai a educação nesse país vai ser um milagre se a gente sobreviver a esses próximos quatro anos, né. 
RITA lança um olhar repreensivo para sua secretária."


Depois nunca mais nem vi. As duas, tá? Simara não foi demitida. AINDA.
Porém, o autor ressaltou que personagens apagados em algum momento, poderão ganhar o protagonismo.


  • Olha a pontuação aí!

Também encontrei alguns problemas de pontuação, como falta de vírgulas em vocativos - um problema já detectado em produções de outras emissoras - e palavras trocadas, mas que fazem sentido, de certo modo:

"Bom dia Bruno, já fazia um tempo que não te via";
"Obrigado cara";
"Sabe Simara, abrir a escola para o Fundamental 2 [...]";
"Desculpa senhora diretora";
"Ele fica a observa a garota com expressão boba";
"Miriam fica em silêncio, tentando absolver aquilo";
"Olha, Rodrigo, eu não quero mudar completamente a nossa ralação[...]".

"Ralação" de "relação" nem chega a ser um erro, de acordo com o contexto da cena.




  • Cadê o cabeçalho?

Também é válido destacar alguns problemas no roteiro, como cabeçalho e narrativa.

As cenas onde haviam "clipes", o famoso takes da cidade que muitos autores usam, não era precedido de cabeçalho adequado. Toda vez que você, meu jovem, for descrever os tais takes da cidade em uma tomada única, como ocorreu na cena inicial, prefira usar o seguinte cabeçalho:

01 EXT. SANTA MARIA/RIO GRANDE DO SUL - MANHÃ
Após o cabeçalho, faça as tomadas de cena, takes daqui, takes de lá, mostrando a praça e os arredores, até cortar para a cena seguinte, que no caso, é a fachada da lanchonete Rock N' Bar.

Tem autor que usa "ruas da cidade" para demarcar os takes por essa visão do leitor, ou seja, os takes se situam apenas pelas ruas da cidade.


  • Informação demais

Já a narrativa tem um detalhe que, pode não atrapalhar a leitura dos fãs, mas torna o texto pouco fluído. É quando você explica uma cena em vez de apenas mostrá-la, como ocorre aqui:

"MARIA está parada em frente ao portão da escola, esperando pela sua irmã mais nova";
"As duas estão animadas com o primeiro dia daquele novo ano letivo que prometia um novo capítulo na história da Escola Comunitária Caminho Único";

Observe que não é errado descrever as cenas desse jeito, mas o texto não flui, é como se nos tornássemos repetitivos, já que, por exemplo, na cena de MARIA, a gente conhece a irmã dela e descobrimos que era ela por quem estava esperando.

O mesmo ocorre na 2ª cena, pois a diretora revela o motivo da animação. Essas situações ocorreram poucas vezes, e é natural quando se acostuma a escrever literário.

Considerações finais

Com isso, termino a crítica ao primeiro episódio da terceira temporada de Caminho Único. É uma série-novela com temas atuais, jovem e militante. Apesar dos poucos erros que encontrei (não to lamentando a falta deles, não, tá? kkkkkk), a história e o enredo são positivos. Não trata-se de um roteiro igual as de outras séries, com começo, meio e fim. Lembre-se que ela é uma Malhação virtual que nem Estações da Vida, da WebTV.

Se você é fã de tramas teens nesse estilo e acredita que os pontos positivos abordados neste post são suficientes para acompanhar essa série-novela, então conheça a nova temporada.

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