Primeiras Impressões | Sangue & Esplendor teve romance, sexo e vingança no primeiro capítulo

Cristina Ravela
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A primeira webnovela da ONTVPlay, Sangue & Esplendor estreou no último dia 21 e conta uma história passada na era grega.

Sangue & Esplendor só para maiores de 18.


Depois das webséries Caminho Único e X-23, João Paulo Ritter emplaca sua primeira webnovela na ONTVPlay, Sangue & Esplendor.

Trata-se da história na Antiga Grécia, 300 anos a.C, envolvendo governo, romances, traições e vinganças. A trama principal gira em torno de Agripina, uma jovem que foi obrigada a se casar para pagar as dívidas do pai. Do outro lado, temos o jovem monarca Britânico e seu mestre Homero, que nutre uma paixão por seu aluno.

O que será que achei do primeiro capítulo? Será que João Paulo Ritter traduziu bem a atmosfera da época? Acompanhe as Primeiras Impressões de Sangue & Esplendor!

Pontos positivos de Sangue & Esplendor

Parece que a vida há 300 anos a.C era bastante movimentada e com pessoas ousadas para a época. JP Ritter destacou os cenários gregos, a cultura e os vasos que ilustravam os heróis da Grécia Antiga.

Priorizou, nesse primeiro capítulo, os romances afortunados, desgraçados e aqueles impedidos devido a negócios. Basicamente, a paixão falou alto nesse início de Sangue e Esplendor.

Vamos a alguns tópicos:

O estupro de Agripina

Agripina se casou por obrigação com César, e experimentou uma lua de mel violenta: César a estuprou, totalmente bêbado. Achei interessante mostrar que o casamento não valida o estupro, pois se é à força, se não respeita o "não" da mulher, o pedido para ir com calma, é estupro e pronto. Não sei se foi essa a intenção do autor, mas foi nisso que pensei.

Democracia X Monarquia

O debate entre o príncipe Britânico e o democrata Dario sobre o atual governo.



Digo, o atual governo de Atenas. A tentativa do monarca em defender o seu legado diante de argumentos plausíveis de Dario mostraram sua fragilidade, falta de um bom argumento e senso crítico. Coisas bem atuais...

A hipocrisia da época

Uma coisa que eu não sabia era que naquela época os homens se divertiam com outros homens (nesse sentido mesmo que você pensou), mas casavam-se com mulheres apenas para procriar.



Tipo, legal o herdeiro ir ali dar pros caras, mas não podiam gastar toda a energia com eles. Enquanto isso, Homero e Britânico terão que viver um romance às escondidas, porque sexo, ok, mas amor não. Mais um ponto para o autor, desnudando a hipocrisia de tanta gente hoje.

As primeiras cenas, principalmente quando Claudius avisa que dará uma festa para comemorar o nascimento da princesa Olímpia, por um momento, me fizeram viajar, sentir a atmosfera da época tal como naqueles filmes e novelas que se passam em outros tempos.

O roteiro melhorou muito, cenas bem desenvolvidas, diálogos que deram o tom certo para cada ocasião. Geralmente, quem sai de sua zona de conforto pode não se dar muito bem, mas João Paulo Ritter mostrou que tem tino pra webnovela.



Pontos negativos

Nem tudo é divino, verdade. Sangue & Esplendor tem seus pontos positivos, mas encontrei problemas muito comuns em alguns roteiros que eu já li. Segue alguns:

Vírgula, pra que te quero?

A vírgula parece uma armadilha no caminho, né? Porém, sem ela o texto perde o sentido, sai do contexto e ainda pode cansar a leitura. Segue alguns exemplos encontrados na webnovela da ONTVPlay:

"PARTEIRA — Realmente é uma criança muito linda minha rainha." (vírgula antes de "minha rainha")
"PRÍAMO — Ikaro meu filho precisamos levá-lo até a Acrópole para que você peça a benção dos deuses para o seu casamento" (vírgula antes e depois de "meu filho" e o acento em "levá-lo", já corrigido)
"IKARO  — Eu sei meu pai" (virgula antes de "meu pai").

Esses são exemplos da falta de vírgulas em vocativo, mas nem todo vocativo faltava a vírgula, o que presumo ter sido falta de atenção.

Explicações na narrativa?


Uma coisa muito comum para quem escreve roteiro é tentar explicar ou enfatizar algo que pode ser revelado na cena seguinte ou que já tenha sido revelado.

Um exemplo disso é na cena 4, na qual vemos Agripina se arrumando para o casamento. O cenário é destacado, com seus vasos e pinturas. Depois de uma discussão calorosa com o pai, a cena segue assim:

"AGRIPINA levanta da cadeira onde estava sentada, pega as louças e vasos que faziam a decoração do seu quarto e começou a quebrar [...]"
Não é necessário dizer que tais objetos decoravam o quarto, visto que já foram descritos na cena inicial. Isso gera acúmulo de informação e perda de agilidade.

Outra mania que muitos têm é descrever a relação entre os personagens em vez de apenas mostrá-las, como no exemplo a seguir:

"OTAVIANO (Homem negro. Olho castanho claro, careca. Aílton Graça) pai de AGRIPINA entra em cena. Rapidamente a filha leva sua atenção para o pai.
OTAVIANO — Eu quero falar com minha filha a sós"

Não precisa identificar na narrativa que Otaviano é pai e Agripina, já que, em seguida, isso é revelado no diálogo dele.

E quanto aos sentimentos? Na frase "JOASCA começa a ficar com medo [...]" é bem fácil, mas isso não é uma descrição muito aceita no universo do roteiro. Na verdade, o uso do verbo "ficar" pode empobrecer o texto, como "ela fica desconfiada", "ela fica chateada", "ele fica desconcertado". Qual seria o ideal então?

"JOASCA põe a mão no peito, temerosa";
"JOASCA põe a mão na boca, quase abafando um grito".
Assim, termino a primeira review de 2019. Sangue & Esplendor é um misto de romance, sexo e traições, com um bom roteiro (porque acredito que os poucos deslizes que encontrei podem ser corrigidos) e uma dose de tapa na cara da sociedade.

Você curtiu essas primeiras impressões da webnovela da ONTVPlay? Gostou da trama? Então comente aqui ou nas redes sociais. Não deixe de dar o seu feedback ao autor, hen.


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