Primeiras Impressões | Autor de Incognoscível fala sobre NØ Magic

Cristina Ravela
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"[...] todo esse investimento se reflete no texto que conta com riqueza de detalhes – porém sem ser maçante ou didático – o universo do circo."

No post de hoje, quem fará a review será Hugo Martins, autor de Incognoscível e que revelou ter ficado fascinado pela estreia de NØ Magic. Porém, será que tudo são flores na série que derrubou as redes sociais?

Confira as primeiras impressões de NØ Magic!




No Magic – Sem spoiler

Por Hugo Martins

A estreia de No Magic era sem dúvida um dos eventos mais aguardados do ano. Do mesmo autor da polêmica Vale Dicere – que eu nunca aprendi a pronunciar corretamente – a série prometia um suspense envolvendo crimes e investigações. E Melqui não desapontou.

No Magic reuniu em um só episódio um misto de emoções e expectativas que me fez devorar o texto numa tacada só. Sem enrolação e mostrando a que veio, a série é uma das maiores e melhores estreias da temporada.

Apostou em publicação

Um dos pontos fortes da produção começou antes mesmo da grande estreia. O autor usou e abusou das redes para propagar seu produto.

Teve até live no facebook pra apresentar os personagens – Como diz o ditado: propaganda é a alma do negócio – e nesse quesito No Magic tirou de letra.

Mesmo antes de embarcar na trama, o público ficou sabendo que haveria um crime, um assassino em série e um mistério a ser desvendado. Afinal, toda a série é voltada ao mistério, ao quem matou, e como esse evento reflete por toda a trama.

Resumindo, a divulgação maciça foi um dos elementos que alavancaram esse início. Mérito do autor que de cada dez palavras digitadas no grupo do Whatsapp, onze era sobre No Magic. Dá-lhe Melqui!

Um universo específico

Outro destaque para a trama é o cenário escolhido. O circo é o grande palco para contar essa história. Para garantir maior autenticidade a sua série, o autor visitou o circo e teve contato com os artistas, tudo isso em busca de inspiração.

E, todo esse investimento se reflete no texto que conta com riqueza de detalhes – porém sem ser maçante ou didático – o universo do circo.

Foi incrível ler sobre o malabarismo, os bastidores do circo, o linguajar dos artistas e as particularidades daquele universo. Mais um ponto positivo para a trama.

Uma costura de sentimentos

Melqui usou de técnicas de roteiro e isso foi louvável. Era visível que o texto tinha sido bem trabalhado. E o uso dessas técnicas ficou patente na mistura de sentimentos que as cenas causavam.

Num primeiro momento a tensão dominava a cena. Num segundo momento os personagens apareciam sorrindo e relaxados, só pra quebrar o clima e posteriormente o suspense tomar de conta.

A cadeia de sentimentos que alternavam entre medo, alegria, amor, inveja, amizade e intrigas não me deixou desgrudar um só minuto da tela. Mais um ponto positivo pro show. Fazer isso não é nada fácil pra quem escreve, mas com certeza é um aspecto de destaque.

Protagonista não brilhou

Miguel ainda não disse a que veio. O protagonista foi totalmente ofuscado pelo brilho de Victoria. A trapezista foi destaque do começo ao fim do episódio.

Devemos considerar que ela teve mais tempo em cena, e isso pesou pra que Miguel ficasse de escanteio. Mas, a expectativa de vê-lo agindo foi despertada já nas primeiras cenas, quando um policial bate em sua porta.

Com certeza veremos mais do mocinho, mas, por enquanto Victoria domina o palco e tem destaque na série.

Um recurso inteligente

No Magic começa entregando o nome e sobrenome de sua primeira vítima. As primeiras cenas já deram um mega spoiler para o leitor. Mas, você acha que isso é ruim? Eu afirmo que não.

O recurso funcionou perfeitamente. Saber quem havia morrido e ver o personagem feliz durante o episódio elevou ao máximo a minha expectativa.

Como isso foi acontecer? Por quê? Eu achei ele ou ela, tão legal. E já vai morrer? Foi um recurso narrativo muito inteligente que com certeza eleva a série ao patamar Netflix. E o autor sabendo disso, aproveita e promete ao personagem um mundo maravilhoso, só pra depois matá-lo. Que pena. Sofri.

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Alguns desencontros

Nem só de maravilhas vive No Magic. Há pontos pra melhorar. Um dos deslizes do episódio está no uso dos verbos. O autor ora utiliza o presente ora o passado. Essas variações no tempo dos verbos não atrapalha o entendimento, mas para o leitor mais cricri pode ser um fator negativo.

Outro aspecto negativo foi a mudança de cenários em uma frase. O autor muda o ambiente abruptamente. Para um leitor mais apressado, isso pode soar confuso, e embaralhar a ambientação.

Uma opção seria a mudança de cenários em parágrafos distintos. Isso facilitaria a visualização e deixaria o texto mais limpo. E, pra finalizar o lado negro da série, outra nuance mais técnica seria o padrão para destacar os diálogos.

O autor começa usando o travessão para em seguida iniciar as falas com o nome dos personagens. Isso não é nenhum demérito para o texto, mas seria um meio de padronizar a escrita e organizar a chamada dos diálogos.

O contexto

No geral, a série me surpreendeu positivamente. Eu não esperava tamanha qualidade vinda da produção. Tudo se encaixou perfeitamente. Os personagens infantis trouxeram leveza e descontração.

Era possível sentir fraternidade nas interações entre os irmãos. O amor entre Miguel e Victoria. E a tensão nos olhos de Karina. É claro que há muita coisa por vir na série, afinal são 15 episódios pra encantar o público.

Porém, Melqui parece saber o que fazer com tudo isso. Resta-nos esperar pra saber quem é o assassino que se esconde no circo? Qual é a verdade dessa trama? Ou será que não tem verdade? Será que é magica ou No Magic?



Essas foram as primeiras impressões de NØ Magic pelas palavras de Hugo Martins.

Se você curtiu, comente aqui ou nas redes sociais. Quem sabe ele resolve dar opinião sobre a sua obra também?

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