Série LGBT se torna a maior audiência de 2020 na CyberTV

Cristina Ravela
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Os Pecados de Cada Um cravou mais de 50 pontos em 6 episódios a la Dark durante sua exibição pela CyberTV em 2020.

A minissérie LGBT "Os Pecados de Cada Um" terminou dia
12 de novembro.

Uma série LGBT deu o que falar entre outubro e novembro na CyberTV. Estou falando de Os Pecados de Cada Um, série de Francisco Siqueira, mesmo autor de Eu, Kadu. Depois do retumbante sucesso de Vale Dicere 3 ter cravado quase 13 pontos e feito o presidente quase intervir, e também a novela Círculo de Vidas, de Fátima Fiozzi ter alcançado 19 pontos, eis que Francisco Siqueira arrebatou nada mais que 22,5 na semana de estreia.


Segundo o próprio autor, isso tudo foi possível graças às divulgações e as artes gráficas feitas por Cristina Ravela (eu mesma, viu). Mas nós sabemos que isso atrai olhares para a estreia, no entanto, manter a audiência alta depende do conteúdo também, se vai agradar ou não. Sou tão humilde que a mesa desta redação trincou.



Após a estreia, Os Pecados de Cada Um marcou 16,5 e 19,4 respectivamente nas semanas seguintes. A série LGBT é uma história complexa, que versa entre passado e presente, e que faz você refletir a cada ponto, correndo o risco de deixar uma peça solta.

LEIA MAIS: O DIA EM QUE OS PECADOS DE CADA UM FORAM EXPOSTOS; CONFIRA!

Para explicar a inspiração e demais detalhes, nossa equipe (que já era reduzida e ficou pior por conta da quarentena) conversou com o autor. Espia:

“Os pecados de cada um” surgiu basicamente da necessidade de narrar uma história que envolve violência sexual/física/psicológica sem torná-la romântica, pois vejo muitos exemplos que surgem a 3x4 nas plataformas digitais — e mídias áudiovisuais — transformando experiências traumáticas em um conto de fadas.  E um dos fatores primordiais, que ajudou a catapultar a minha decisão, foi um depoimento indignado de uma jovem nos comentários (no Facebook) de um lançamento de um livro cujo tema era uma adolescente sequestrada se apaixonando perdidamente pelo seu algoz. A jovem em seu depoimento expôs que havia passado por uma situação semelhante, onde o receio pela própria vida, além do terror psicológico, jogava por terra toda a alegação/justificativa —aliás, pífia — que a autora imprimia em seu texto para unir vítima e verdugo.

Além de “desmistificar” a ideia de romantizar um evento emocionalmente perturbador, também quis mostrar possíveis sequelas de um trauma, e, no caso, optei pelo transtorno dissociativo de identidade. Pesquisando, constatei que geralmente os pacientes acometidos pelo TDI sofreram algum tipo de abuso em sua infância. E nessa sequência “de laboratório”, acabei assistindo ao documentário “Diga quem sou”, na Netflix. Algo que mexe com nossos brios, por sinal e que me permitiu definir a base da trama: o abuso sexual parental.

Claro que em “Pecados” usei  certa pitada de dramatização, mas o mote principal, o x da questão, o que a maldade humana, o que a maldade daqueles que deveriam proteger pode causar num indivíduo, está ali. E se arrasta como correntes pesadas por toda uma vida.

No episódio final também é levantada a questão da orientação sexual não ser um resultado desse tipo de violência/abuso, o que muitos equivocadamente acreditam, pois fiquei receoso de estar mandando uma mensagem errada, de que o personagem se envolvia com outros homens como uma reação direta do que sofreu. Assim como também inseri a questão da luta de um personagem, no início de sua vida sexual, em se permitir a intimidade.

Enfim, espero ter conseguido mostrar um pouco da profundidade do abismo em que essas vítimas  co-habitam junto à “realidade padrão” de nossa sociedade, que sempre visa por contos de fadas, ignorando, quase sempre por conveniência, histórias, depoimentos e dramas reais que irá fazê-la questionar seus próprios princípios, inclusive o do senso de humanidade, empatia e responsabilidade.

A série já é queridinha para disputar as premiações do ano não só pela histórias, mas pelas artes phuderosas demais para serem esquecidas. Veja algumas:

Mulher com visual quebra-cabeça

Tom Hiddleston em Os Pecados de Cada Um

Arte Os Pecados de Cada Um estilo Mindhunter
Mindhunter, por que choras?

Mulher desconfiada olha para a sombra

Os Pecados de Cada Um com gravata azul


Os Pecados de Cada Um foi alvo de denúncias

Antes mesmo da estreia, as divulgações causaram desconforto em algumas pessoas. Desde comentários falando de Deus até denúncia por conta da promocional abaixo:

Homem nu tomando banho





Arte, divulgação, conteúdo e temas polêmicos - eis a fórmula de sucesso?

Os Pecados de Cada Um estreou dia 26 de outubro e terminou em 12 de novembro, após 6 episódios. Você leu a obra e curtiu? Não leu, mas sentiu vontade de ler? Comenta aqui embaixo!

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