Alma Sebosa fala de um amor que vem de outras vidas. Será que mandou bem logo de cara em um tema espiritualista? Confira na resenha de hoje!
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| Primeiras Impressões de Alma Sebosa. |
Depois de muito tempo, eis que me interessei em resenhar obras novamente. Eu sei que você ficou animadão e já está ansioso para eu ler sua obra por aí. Mas calma, que eu estou atrasada, tão atrasada que resolvi fazer as primeiras impressões de Alma Sebosa, série escrita por Wagner Jales e exibida pelo Megapro ano passado.
Na verdade, sempre tive curiosidade em ler por conta do nome. Achei até que era uma relação lgbtq+ atrapalhada e cômica, mas também não li tudo para saber.
A propósito, tentei buscar mais informações, mas o site não exibe sinopse, apenas um trecho do que se trata: um reencontro entre duas pessoas que se conheceram em vidas passadas e vão enfrentar a realidade.
Será que o primeiro episódio convenceu? Bora conhecer minhas primeiras impressões de Alma Sebosa!
Direto ao ponto: conflito ficou nas vidas passadas
História sem descrição dos personagens, nem ambientação. Os personagens foram simplesmente jogados em uma trama sem um conflito que justificasse as cenas de briga. Tudo começa em um flash-forward, onde Gael acorda no hospital diante de Bernardo. Nesse momento, você pensa que ambos se conhecem e nutrem um laço muito forte. Você pensa.
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| Banner de Alma Sebosa. |
No decorrer da história, sem traçar o perfil dos personagens e alinhá-los à ambientação dos cenários, a gente conhece Hortência e Sávio, mãe e padrasto de Gael. Após ouvir um papo de Sávio de que é melhor o garoto deixar a faculdade, Gael tem um insight (certamente, porque já conhece a peça) e resolve investigar por onde o padrasto anda.
Nem é difícil descobrir. Em uma rápida conversa com um jovem "da mesma faixa etária que Gael" (aqui você chuta uma idade, porque isso não fica claro no roteiro), o mocinho já sabe que Sávio gasta dinheiro com bebidas e sinuca. Essa seria a razão para ele querer tirar a faculdade do enteado.
Tudo bem, mas em uma cena ele diz a Hortência que vai pro bar. Sincero, na lata, e meio dispensável o conflito que virá (qual?). Gael filma Sávio gastando dinheiro no bar, mas é flagrado, por causa de Dante, o jovem que trabalha no boteco.
De forma surpreendente, Dante se declara para Gael, e a situação acaba sendo um trunfo para Sávio, que ameaça contar para Hortência. Na fuga, Gael prefere ir embora da cidade. Assim, DO NADA. Afinal, porque não confrontar o cara com a prova que ele tinha em mãos?
Mas tudo isso tinha um propósito: conhecer Bernardo ao salvá-lo da morte. É aqui que a primeira cena aparece. E fim.
Mas calma, ainda não terminei. No decorrer da história, descobrimos que uma tal de Magda trata Bernardo como se ele fosse uma criança que precisa de orientação até para saber o que dizer para o médico.
Também descobrimos que Gael tem sonhos perturbadores, que podem sinalizar algo de impacto que aconteceu em sua vida passada (ou futura). Eu, particularmente, gosto desses temas, ainda mais com sonhos reveladores. É uma história de amor que ultrapassa as barreiras do tempo. O que será que Gael e Bernardo fizeram que pode dificultar suas vidas agora?
É um tema interessante, uma pena que não foi agradável em seu primeiro episódio. Faltou um conflito convincente que levasse Gael a conhecer Bernardo. Faltou ambientação que trabalhasse junto com as descrições dos personagens. Faltou fluidez no roteiro.
Ah, é bom destacar isso. Jales está (ou estava) naquela fase de não saber como usar as palavras no roteiro. Quem nunca? A exemplo disso, uma cena me chamou atenção:
Nervoso, Gael encosta as costas numa parede e desliza lentamente até bater o bumbum no chão.
Fiquei refletindo sobre isso, sobre como há autores com dificuldade de descrever situações simples. "Cair sentado no chão" é mais adequado e entrega muito bem o que aconteceu.
Outro ponto que destacou de forma negativa foi a Brenda, uma criança, pelo o que foi indicado, mas que se comporta como adulta. Isso nos leva a um roteiro inverossímil, porque mesmo existindo crianças espertas na dramaturgia, nenhum outro personagem destaca sua personalidade fora dos padrões.
É isso. Alma Sebosa nos apresentou os personagens dessa jornada, mas zero conflito, e de brinde, uma fuga sem grandes motivos, apenas para desencadear no tal reencontro com Bernardo. Sim, eles já se conheciam há muito tempo (em outras vidas), mas é uma pena que o reencontro foi forçado.
De 1 a 5, minha nota é:
1.0
