Como escrever um conto de terror surpreendente? 9 dicas poderosas!

Cristina Ravela
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Causar medo nas pessoas não é tarefa fácil, ainda mais se o seu público alvo já estiver familiarizado com todo tipo de terror. Então você precisa reunir técnicas e estratégias para surpreendê-lo!

Capa do post como escrever contos de terror


Depois do post  de como escrever um conto policial, chegou a vez de você aprender a escrever um conto de terror. Ok, não sou mestre no assunto, mas já assisti e li muitas histórias e posso dizer o que aflige quem já viu de tudo um pouco 😌.

Aqui vou citar exemplos do cinema e do MV que, para mim, são obras capazes de ir além do simples grito de terror.

Ops! Mas eu vou falar de como escrever um conto de terror ou filme de terror?


A temática é a mesma, o que muda é a estrutura, mas ajuda a dar um norte para quem vai começar nessa jornada. Então, siga estas dicas simples e eficazes para criar uma história assustadora e envolvente. 

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Afinal, como escrever um incrível conto de terror?

Quem escreve contos de terror sabe o quanto esse gênero é subjetivo – na verdade, até a comédia é subjetiva, já que eu, por exemplo, não acho graça em palhaços. Você acha? Hmmm, boa pessoa, não é.

Mas, até os contos de terror com fantasmas podem assustar um experiente espírita, se o autor souber como escrever.

Por isso, separei aqui algumas dicas para você despertar o medo nas pessoas de forma excepcional. Bora lá!

1. Leia histórias de terror famosas

Essa é uma das melhores dicas para quem deseja saber como escrever contos de terror. Stephen King, Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft são mestres no assunto, mas há nomes brasileiros também, como Lygia Fagundes Telles, Aluísio Azevedo e Júlia Lopes de Almeida.

A ideia de ler outros contos do mesmo gênero não é para copiar o estilo deles, mas entender a estrutura que eles usam e estabelecer a sua própria maneira de escrever.

Quer uma dica extra? Leia O Homem que Adorava Flores, de Stephen King e A Sombra, de Edgar Allan Poe. Os contos exploram a peça fundamental da literatura e dos roteiros: "show, don't tell". Isso porque esses contos deixam nas entrelinhas o que realmente aconteceu.


2. Escolha seu subgênero de terror

Os filmes de terror dos anos 80, daqueles bem trash, abusavam do gore, um subgênero para quem tinha estômago para aguentar. 

Muito sangue, corpos deformados, situações grotescas, como um cara vomitando uma aranha grande e nojenta, eram os mais esperados.


Se isso faz o teu estilo, abuse de uma descrição detalhada das cenas grotescas. Pense no que causa nojo e inclua os detalhes em seu texto.

Agora, se você prefere um terror psicológico, o suspense deve marcar sua narrativa. Os contos As Cartas de Jezrael - As Primeiras Cartas Encontradas, de Marcos Vinícius (pela Webtvplay), e O Boneco na Minha Gaveta, de Hanke Hudson (Antologia Lua Negra, exibida na WebTV) são exemplos de histórias que provocam a mente e nos deixam ansiosos para o que está por vir.

Já na categoria sobrenatural, o que vale é explorar o medo de fantasmas, mas não transformar tudo em um Caça-Fantasmas ou no romance-trágico de Ghosts.

Como exemplos de terror psicológico, temos The Doll on the House, de Melqui Rodrigues (pela Widcyber), O Gritador, de Raquel Machado (Antologia Lua Negra), e na literatura mundial, temos A Queda da Casa Usher, de Edgar Allan Poe (favorito de Marcos Vinícius).


3. Crie personagens críveis

Tem gente que elabora muito bem os personagens de séries e novelas, mas peca na hora de desenvolver os perfis para contos. Eles não importantes, viu? Mesmo que seja um personagem único, ele agrega valor ao cenário doentio que você criar.

Nesse sentido, dê personalidades, conflitos, motivações e defeitos que o tornem humanos, não simples bonecos de ventríloquo, que apenas estão ali para fazer a ação acontecer.

Um exemplo de personagem que ganhou destaque no MV foi o Benjamin, do meu conto A Cobrança (na Webtvplay). 

Eu o criei há anos para uma série de contos no estilo de Rubem Fonseca, mas somente em 2018 lancei o conto na Antologia Meia-Noite (pela Widcyber).

Benjamin não era só um matador de aluguel, como também o tipo de cara que a gente não consegue odiar. Sua forte presença e seus diálogos debochados o levaram a participar de uma temporada da icônica Vale Dicere, de Melqui Rodrigues. Para quem pode, amigos.


4. Explore o desconhecido

Sabe por que o filme Premonição fez sucesso? Porque souberam explorar as diversas possibilidades macabras do cotidiano para alguém morrer. 

Não era sobre um monstro, um serial killer (oi, Pânico) ou um alien. Era sobre coisas comuns do dia a dia, como a cabine bronzeadora, uma tora de madeira que escapa do caminhão, uma topada no mindinho (mentira, acho que não teve esse).

Sua expressão quanto dá topada.


Enfim, explore o medo das pessoas – e os seus também. Todo mundo teme alguma coisa, pois o medo é universal. Então pense nas variadas formas de morrer ou de assustar e usa isso como gatilho para escrever seu conto de terror.

A dica aqui é descrever sons perturbadores e usar a linguagem sensorial para criar um clima de angústia. 

Parágrafos curtos também são ótimos para mostrar a respiração ofegante do personagem, ele correndo para alcançar o telefone (que toca insistentemente), enquanto uma estranha criatura o persegue em outro ponto de alcance.

Você também pode usar técnicas como o foreshadowing (sugestão de algo que vai acontecer), o cliffhanger (interrupção da cena em um momento crítico) e o red herring (pista falsa) para manter os leitores na dúvida e na curiosidade.


5. Distorça a realidade, assombre o normal

Na linha do dica anterior, não existe nada mais aterrorizante do que causar desconforto em quem lê. Se você não sabe como escrever um bom conto de terror, a dica é pegar a zona de conforto de alguém e virá-la do avesso.

Por exemplos, palhaços sempre foram vistos como amigáveis, até você assistir IT - A Coisa. Assim como um brinquedo divertido, um dia no parque, e até aquele tio simpático podem se tornar medonhos.

Qual a sua zona de conforto? E a dos seus amigos? 

Vá lá e destrua em seu conto, ataque os momentos simples e seguros deles. Pode ser uma casa com um degrau faltando, a rádio fora de sintonia, o canal do Youtube que passa a exibir o interior de sua casa, sem que seja você o Youtuber, ou o sorriso inocente de uma criança.

"Não ataca as crianças"


Mude a forma como os seus leitores enxergam aquilo que consideravam tranquilos e normais. Distorça a realidade e assombre-os para sempre.


6. Desenvolva um conflito

Não importa se o conflito é em cima do protagonista ou de terceiros, ele precisa existir, mesmo que você só perceba no final.

Por exemplo, em O Homem que Adorava Flores, não há exatamente um conflito inicial. Tudo parece tão belo e sinistro ao mesmo tempo. 

Até chegar ao final do conto e você perceber a ameaça dupla (externa e interna). Ou seja, Stephen King transformou a bela primavera em um cenário trágico. 

Observe que, após a leitura, você passa a desconfiar das pessoas simpáticas que passam por você. Isso é o não é subverter o normal, tirar o leitor da zona de conforto? Reflita.


7. Trabalhe a suspensão da descrença

Você já ouviu falar da suspensão da descrença como parte fundamental sobre como escrever um conto de terror incrível? Pois saiba que manter o leitor imerso na história que você escreveu é parte do processo de um excelente conto aterrorizante.

A suspensão da descrença é, como o próprio nome sugere, a capacidade de remover a descrença do leitor nas criaturas do seu conto. Afinal, muitos seres míticos podem não assustar, uma vez que o leitor sabe que eles não existem.

Mas, ao trabalhar a suspensão da descrença, você faz com que o leitor adentre sua história e aceite o universo que você propõe.

Só que existe alguns fatores para atingir esse objetivo, veja só:

  • Narrativas imersivas;
  • Personagens bem desenvolvidos;
  • Enredos verossímeis;
  • Pistas ao longo da história.

Outro fator importante é evitar o excesso de clichês e narrativas em 2ª pessoa (ou a quebra da quarta parede). Nossa, esse último quebra totalmente o terror de qualquer história, porque sinto que abandonei a imersão e voltei ao mundo real.

Ok, você ama, seus fãs também, mas a imersão acaba e você fica apenas pelo lazer. Imagine a Ellen Ripley posando na frente da tela e dizendo "o alien é um ser solitário como eu, sobrevivendo a um mundo hostil"? Isso pode ser engraçado em uma paródia, não em uma história de terrorzão.

Então faça o seu leitor abandonar a descrença e se aventurar no universo doentio do seu conto.

8. Não vá direto ao ponto

Ainda que seja um conto de terror, isso não significa aterrorizar logo de cara. Isso quebra o clímax, já que o leitor espera por algo pior, mas o pior já aconteceu.

Ao invés disso, trabalhe a imersão dos leitores e a suspensão da descrença antes de levá-los a perder as noites de sono. 

Lembre-se da zona de conforto dos leitores e a sensação que a maioria tem ao ler histórias sobre medos que eles não sentem e seres que não existem. Eles vão ler por lazer, mas você quer dar a eles uma experiência maligna.

Portanto, use o suspense, cause desconforto, mostre a eles um mundo sombrio e deturpe o normal da vida deles. Só então, entregue o pior no final.

9. Não esqueça do grand finale!

O final do seu conto de terror pode ser feliz, trágico ou ambíguo, ou seja, sem explicar o que aconteceu direito ou se haverá uma continuação.

Contudo, ele deve ser coerente com toda a história, sem correria ou final água de salsicha. É no grand finale que você tem a oportunidade de surpreender o leitor (mais um pouco, mas de forma marcante e sem volta).

Um exemplo disso é o conto Um Drinque Antes de Partir, de Eduardo Canesin (pela Webtvplay).

Nele, o Saci marca uma reunião com a turma do folclore brasileiro para discutir, fofocar, trazer luz ao debate sobre o terror estadunidense fazer mais sucesso no Brasil do que eles.

Só que, apesar de um conto de suspense com elementos cômicos, o final da reunião surpreende o leitor, que esperava ver todos tocando o terror e mostrando o nosso potencial no ramo. 

Mas foi bem mais trágico do que isso.

Portanto, dê um final digno para o seu conto de terror. Não use todo o seu arsenal terrorístico apenas no meio da história. Às vezes, um final ousado vai deixar seu leitor mais impactado do que no transcorrer do texto.


Já entendeu como escrever um conto de terror surpreendente?

Essas foram as 9 dicas de como escrever contos de terror incríveis e fascinantes. Você já escreveu algum conto desse gênero ou leu algum que te fez adentrar na história? Se sim, conte nos comentários e aproveite para compartilhar em suas redes sociais ou pelo Whatsapp.

Até a próxima!


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