Antologia "Era uma Vez..." | Conto IV: O Grande Vilão - Final

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Conto IV: O Grande Vilão - Final



Sobre a obra: A antologia "Era Uma Vez" nasceu de um desejo em contar histórias simples, mas que pudessem ser deslumbrantes. 

Onde as possibilidades fossem infinitas e as aventuras fantásticas. Um anseio do autor em viajar e fugir um pouco da triste realidade que se vive no país. 

Essas histórias não são meios de escape ou uma forma de ignorar os problemas, mas um modo de resinificar os medos, os traumas e os monstros internos que nos assolam. 

Era uma vez é um convite à imaginação. Para dar asas à imaginação. É mais uma maneira de sonhar e manter os pés no chão, mas nunca deixar de sonhar. Sejam bem-vindos à Antologia Era Uma Vez. 


Índice

III - Na cabeça do Gigante I e II
IV - O Grande Vilão

O Grande Vilão - Final

No pátio externo, um gigante derrubava os helicópteros como se matasse mosquitos no ar. Com suas mãos, afastava as viaturas e os policiais, arremessando-os para longe. Pisando em qualquer ser humano que estivesse ao redor, Tapuã dizimou em poucos minutos toda a tropa que cercava a mansão. O medo paralisou todos que testemunhavam o massacre.

De repente, as balas atravessavam as vidraças da mansão. Uma bomba de gás foi lançada no salão deixando o lugar esbranquiçado com a fumaça. A casa estava cercada; Boxo e seus vinte e dois cavaleiros montados em cavalos brancos estavam armados com fuzis, prontos para exterminarem os inimigos de Sigmund Vilão.

Dentro da mansão, quando a fumaça baixou, todos viram Vilão sentado em sua cadeira de rodas, e por trás dele, Boxo e seu exército de cavaleiros.

“Eu sou o grande protagonista dessa história. Vocês terão que aceitar isso. E, sim, eu sei que o meu ego é muito grande”, gargalhou Sigmund.

No pátio externo, Zule observou toda a grandeza do gigante Tapuã, enquanto era escoltado pelos cavaleiros de Boxo. Albert sentia verdadeiro asco de tudo aquilo, e Selena estava revoltada, pronta para lutar.

“Você mentiu para nós!”, Hugo gritou em direção à Vilão.

“Não! Eu darei a chance deles lutarem antes de morrer. As coisas só não foram como você imaginou, mas elas foram”, disse Vilão para Hugo.

Hugo observava todo aquele espetáculo, e as lutas entre gladiadores em um coliseu era o que lhe vinha à mente. 

“Como Sigmund conseguira trazer para si Boxo, o proclamador, e Tapuã, o gigante?”, perguntava-se. “E como eles poderiam lutar contra um gigante e vencer?”.

O palco estava montado. De um lado Sigmund liderava Tapuã e Boxo, seguidos pelos vinte e dois cavaleiros montados em cavalos brancos. Do outro, Selena, Albert, Zule e Hugo, indefesos e sem poder de fogo. Era uma luta desproporcional, uma guerra perdida, não havia como vencer.

“Estão prontos?”, perguntou Vilão, do alto de sua arrogância. “Lutem!”, ordenou.

Sem nenhuma estratégia, Selena foi a primeira a reagir. Enfiando a mão na terra, ela acordou as raízes das árvores e rosas que dormiam no escuro do solo. Tais raízes agarraram os braços de Tapuã, imobilizando-os. Isso deu tempo para que os outros pudessem lutar contra Boxo e seus cavaleiros.

Enquanto isso, Albert voltou para a mansão tentando encontrar algum violão, em busca de paralisar os inimigos. E, Zule sem nenhuma habilidade de batalha, tentava destravar uma arma que encontrara jogada - mas sem sucesso.

Tapuã se revirava tentando se desvencilhar das raízes, até que com esforço arrancou-as de si e espremeu-as como se espremem roupas lavadas.

“Invencível!”, gritava o gigante, estremecendo tudo com sua voz de trovão.

O delegado foi abatido, e todos outros capturados pelos cavaleiros de Boxo. Em seguida, foram levados à presença de Sigmund Vilão, que gargalhava com o fiasco que fora a batalha.

“Isso foi ridículo. Nunca deveriam tentar lutar contra alguém maior, mais forte e mais poderoso do que vocês. Agora, chega de brincadeira, vamos à execução!”, exclamou Vilão, com ar de triunfo.

“Velho idiota!”, gritou Selena.

Boxo, montado em seu cavalo branco, conduziu os personagens para o centro do jardim. Todos se ajoelharam, e fuzis foram apontados para as suas cabeças.

Naquele fim de tarde, uma brisa suave soprava e balançava os cabelos castanhos de Selena. A mesma brisa enxugava uma lágrima que caía dos olhos de Hugo, e inspirava um argumento na mente de Zule. Eles foram subjugados, humilhados e massacrados. Seu sangue serviria de tinta para escrever a história de um tirano, vidas inocentes seriam exterminadas.

“Estão prontos?”, Vilão perguntou. “Quais são suas últimas palavras?”.

Nesse instante, Zule levantou a cabeça e com palavras vindas do céu disse: “Existe algo mais glorioso do que a nossa morte. Existe um caminho mais alto que poderá leva-lo à imortalidade. Se permitir posso guiá-lo ao fruto dos deuses e lhe oferecer poder supremo e inesgotável. Nações, reinos e povos se prostrarão diante do seu poder. Homens, mulheres e crianças lhe adorarão; você será um deus sobre a terra”.

“Do que você está falando?”, Sigmund perguntou.

“Falo do fruto dos deuses, aquele mesmo fruto que você leu no meu conto”, respondeu Zule.

Ao ouvir as palavras de Zule, Sigmund virou-se para o gigante e seus olhos brilharam.

“Não é possível!”, espantou-se Sigmund.

“Se nos deixar viver, poderei guia-lo até à cabeça do gigante e lhe mostrar o fruto divino”, disse Zule.

“Você ainda lembra o caminho?”.

“Eu nunca o esqueci”.

Sigmund dirigiu-se até o gigante, e pediu para entrar em sua cabeça. Tapuã, então lhe negou o pedido, dizendo que precisava dormir novamente.

“Posso conseguir lhe um lugar de descanso. Diga-me onde queres descansar e eu lhe proporcionarei o lugar”, respondeu Vilão.

Tapuã respondeu que no oceano seria o lugar ideal. Disse que precisava recuperar seu sono por dez mil anos. Vilão jurou que o oceano seria sua cama eterna e que ninguém mais lhe perturbaria. Os dois selaram um acordo.

O gigante deitou-se no chão para que o grupo entrasse em sua cabeça pelo ouvido. Zule caminhava na frente junto de Sigmund, enquanto que Albert, Selena e Hugo eram escoltados por Boxo.

O grupo seguia a trilha em silêncio, até chegarem ao lago ácido de piranhas assassinas. Com uma ordem de Sigmund, Tapuã engoliu o lago, tornando o espaço em uma cratera seca.

Ao se aproximarem das armadilhas da tarântula, Zule guiou o grupo para uma vereda segura. Mesmo assim, a aranha gigante surgiu diante deles, somente para ser fuzilada pelas mãos de Boxo, o proclamador.

Até que enfim chegaram ao salão das máscaras, próximo ao oráculo em que estava o fruto.

Com um golpe de agilidade, Serena pulou de encontro a Boxo e tirou-lhe a arma da mão. Percebendo a ação da mulher, Hugo e Albert correram e imobilizaram o proclamador. Agora, Selena apontava a arma em direção à Vilão enquanto andava ao seu encontro.

Sigmund ficou surpreso quando a garota agarrou o jovem Zule e apontou o fuzil para a cabeça dele.

“Ninguém mais chegará ao fruto”, disse Selena, destravando a arma.

“O que você está fazendo Selena?”, Sigmund perguntou, com um olhar sombrio.

“Eu vou matar Zule”, ela disse.

Hugo e Albert encararam a moça sem conseguir falar nada. Selena continuava apontando a arma para a cabeça de Zule, pronta para matá-lo.

“Tem algum problema pra você, se eu matar ele?”, Selena perguntou para Vilão.

“Ele é o único que sabe onde está o fruto e como nós podemos sair daqui. Sem ele estamos perdidos”, argumentou Sigmund.

“Mas você disse que iria nos matar. Qual a diferença dele morrer agora ou daqui a duas horas?”, ela perguntou.

“Ele é útil para mim”, disse Vilão.

“Útil coisa nenhuma! A questão é que ele morrendo, você corre o risco de morrer. O que importa é a sua vida e não a dele! Seu egoísta. Como você pode querer preservar a sua vida, quando intenta tirar a vida de outra pessoa? Qual a importância de uma vida pra você afinal?”.

“Você também pode morrer aqui comigo. É isso que você quer?”

“Não! Eu quero matar ele, porque eu quero ser lembrada como aquela que matou todos os personagens da antologia”, esbravejou.

“Você é incrível! Mas é isso que eu queria fazer”, disse Vilão.

“Eu vou te ajudar. Vou começar matando o Zule, e depois mato você”.

“Você não pode fazer isso!”

“Eu não posso, mas você pode! Quem diz o que eu ou você podemos fazer?”.

“Ele não pode morrer agora, por que ele é útil para mim. Ele vai nos levar à glória”.

“O Zule não tem nenhuma utilidade pra mim. Quem decide a utilidade? Eu ou você? Qual a utilidade de alguém? Qual a razão do Zule estar aqui agora?”

“Ele está aqui para nos guiar ao fruto divino”, gritou Sigmund.

“Não, eu digo que ele está aqui para morrer por minhas mãos!”, ela retrucou.

“Você não pode decidir quem deve matá-lo”.

“E quem pode decidir? Você, ou a maioria?”

“A vida dele não lhe pertence”, disse Sigmund.

“Agora você chegou onde eu queria”, ela falou, livrando Zule.

No mesmo instante, Boxo deu um salto, livrando-se dos que lhe imobilizavam, e apontou uma arma para Selena. Ele gritou ordenando que ela soltasse o fuzil. Antes que ela pudesse fazer algo, ele atirou em sua mão, derrubando a arma.

Boxo se aproximou de Vilão e ameaçou todos os outros, ordenando que eles marchassem até o fruto. Ao chegarem ao centro nervoso, encontraram o fruto que pulsava uma cor vibrante e avermelhada.

O oráculo fechou-se com todos lá dentro. Alguma coisa acontecia no exterior do corpo do gigante. Tremores abalavam a estrutura do oráculo onde todos estavam.

Enquanto Sigmund tentava comer o fruto divino, lá fora, a Força Nacional cercava a mansão do magnata e preparava-se para massacrar Tapuã. Os cavaleiros de Boxo foram rendidos, e aviões carregando mísseis sobrevoavam a área, prontos para exterminarem o gigante.

Quando os primeiros disparos começaram a atingir o gigante. Tapuã levantou-se em desespero, vendo-se cercado por todos os lados. Tanques, bombardeiros e lança-mísseis faziam coro com uma chuva de fogos em direção ao monstro.
Tapuã correu em direção ao oceano. Passou por vielas e estremeceu todo o continente. Destruiu cidades inteiras e afundou montes pelo caminho. Ao chegar ao mar mergulhou de cabeça, entrando nas águas profundas e descendo até o abismo frio do oceano. Sangrando muito e repleto de ferimentos, Tapuã foi morrendo aos poucos até congelar no fundo das águas, no escuro do abismo, próximo ao centro da terra. Um lugar inalcançável pelo homem. Um lugar que nenhum ser natural poderia acessar. Um lugar tão profundo que nem mesmo um gigante conseguiria sair. Mesmo assim, Tapuã estava morto, no fundo do mar, sem possibilidade alguma de retornar, e o pior de tudo: Selena, Albert, Zule e Hugo estavam lá, presos na cabeça do gigante. Presos para sempre.

Agora, com o fruto divino nas mãos, Sigmund percebeu que estava em um beco, ou melhor, em um buraco sem saída. Nas profundezas do mar, não conseguiria sair nunca, a não ser que o fruto pudesse lhe proporcionar algum poder extraordinário.

Sem mais delongas, pegou o fruto e mordeu um pedaço generoso. Mastigou com avidez e aguardou que o sobrenatural acontecesse, mas tudo permanecia da mesma forma.

“Você me enganou!”, esbravejou Vilão para Zule. “Tudo permanece do mesmo jeito. Qual o poder que tem esse fruto?”

“Não sei! Algo deveria acontecer! Talvez Tapuã esteja morto, e por isso não surtiu nenhum efeito”.

Dentro do oráculo, estavam os dois vilões: Sigmund e Boxo. E os três heróis: Selena, Albert e Zule, além de Hugo que observava tudo com um misto de medo e fascínio.

“Meu Deus, e agora o que faremos presos no fundo do oceano dentro da cabeça de um gigante?”, Hugo se perguntava.

Olhos desconfiados passeavam de um lado para o outro. As mentes trabalhavam incansáveis tentando encontrar uma maneira de manter a sanidade. Aquele lugar parecia encolher-se cada vez mais, e um fio de água fria infiltrava-se pelo chão.

“Valeu a pena nos trazer até aqui?”, Selena perguntou a Sigmund.

De repente, uma fumaça verde caiu do teto curvado. Ao inalarem aquela fumaça, todos caíram sem forças, e dormiram um sono profundo.

Algumas horas depois, ou dias talvez, pois eles já não tinham mais noção de tempo, acordaram assustados e morrendo de fome.

Boxo procurou seu rifle e achou a arma estraçalhada nas mãos de Hugo. O proclamador ainda tentou lutar, mas estava fraco, sem ânimo.

“Acho que estou ficando louco”, disse Albert em um delírio.
Fome, dor e desesperança. Todos estavam caídos, corpos jogados ao chão enlameado, lábios ressecados e mente cansada. A cena era de desilusão.

Boxo caiu morto. Zule ainda tentou reanima-lo, mas também não tinha forças para nada. Vilão, arrastando sua cadeira de rodas, se aproximou do proclamador e fechou seus olhos.

“Esse não era o fim que eu imaginava”, declarou Hugo.“Parece que nada faz sentido. A morte não faz sentido. Qual o propósito da vida? Se todos morrem, por que existe vida? Se não há razão na existência, por que viver? E se o fim é a morte, nada faz sentido!”, delirava.

“Você só precisa terminar o conto, Hugo”, disse Sigmund.

“Eu não consigo! Nada faz sentido!”, Hugo respondeu.

“Eu sou o sentido. Eu estou aqui para que haja um sentido”, disse Vilão.

“Não compreendo”.

“O bem só pode existir se o mal também existir”, respondeu Vilão. “Vejam todos vocês: tudo começa com Selena tendo um grande amor em sua vida. Eu nunca tive um grande amor, e quando pude amar alguém, meu pai disse que eu deveria priorizar minha carreira, então, desisti do amor. Depois, tudo se volta para Albert vivendo o seu sonho de ser músico. Eu nunca pude viver os meus sonhos, os meus projetos, os meus desejos. Meu pai disse que eu deveria cuidar da sua empresa de extração de petróleo, e eu não tive escolhas, ou melhor, escolhi o que meu pai determinou. E, por fim, Zule me representa, buscando a fama, o dinheiro, o sucesso e sendo despedaçado no meio do caminho, tornando-se uma aberração ambulante para no fim não comer o fruto dos deuses. Agora, estamos aqui, no lugar mais profundo do oceano, no âmago do ser, na questão central das nossas vidas. O que faremos com a morte? O que faremos com o fim de tudo?

“Você matou o homem da minha vida, como eu posso viver com isso? Como você explica isso?”, Selena perguntou a Sigmund.

“O amor é duro como a morte. Ele sempre vem”, respondeu Sigmund. “O homem que você amou, provou que lhe amava mais do que ele mesmo. Ele morreu para que você tivesse vida. Você precisava descobrir que isso é a essência do amor, o auto sacrifício. Quando morremos por quem amamos”.

Selena fechou os punhos. A dor e a raiva explodiram em um choro que vinha da alma.

“E qual a explicação de eu estar aqui?”, Zule perguntou a Vilão.

“Antes de morrer, você precisa resgatar a sua identidade. Você precisa encontrar o seu rosto novamente. Não podemos morrer sem isso. É preciso voltar ao caminho e reparar os erros do passado. Você precisava voltar e encontrar a si”, disse Sigmund para Zule.

Zule sorriu com as palavras do Vilão.

“Tem alguma coisa boa pra mim diante da morte, sr Vilão?”, perguntou Albert.

“Sim! Você é o único que pode nos tirar daqui!”

Todos olharam para Vilão, incrédulos.

“Você sabe como nos tirar daqui?”, Selena perguntou empolgada.

“Sim, mas antes precisamos encontrar a face verdadeira de Zule”.

“E, como sairemos daqui?”, Selena questionou.

Vilão apontou para um pequeno ramo que brotava do chão. Ele olhou para Selena e ela entendeu o que ele queria dizer. 

No mesmo instante, Selena tocou o ramo e uma raiz levantou-se da terra. Com o braço da raiz, ela fez um buraco na parede do oráculo dando acesso ao salão das máscaras.

Todos saíram do oráculo e procuraram a verdadeira face de Zule, porém foi Vilão quem a encontrou.

Muito emocionado, Zule arrancou a máscara que ele usava e sorriu com a sua verdadeira imagem.

“Sinto que agora posso viver de verdade. Sinto que não preciso mais esconder quem verdadeiramente sou. Não há mais espaço para me esconder de mim mesmo. Agora eu tenho meu rosto de verdade”, Zule desabafou.

“Precisamos voltar para o Oráculo”, avisou Vilão. “É de lá que nós escaparemos”.

Antes de entrarem no Oráculo, Vilão pediu que Albert encontrasse um violão, o que ele fez de imediato.

Enfim, quando todos estavam prontos, Hugo perguntou a Vilão de que forma eles escapariam?

“Estamos na cabeça do gigante. Albert só precisa tocar o violão e o cérebro do gigante irá flutuar até a superfície”, respondeu Vilão.

“Isso não pode dar certo!”, disse Hugo.

“Você mesmo escreveu sobre isso, quando Albert estava nas mãos de Boxo foi isso que ele fez. Ele tocou seu violão e cantou, e em seguida os cérebros foram libertos juntamente com os corações”, relembrou Vilão.

“Acho que podemos tentar”, Albert disse com esperança.“Você me acompanha cantando essa canção?”, ele perguntou à Selena, e ela confirmou que sim.

Então, o músico começou a tocar seu violão. Cada dedilhado emanava uma aura de poder e força. Quando a voz de Selena se juntou ao toque do instrumento, a união de voz e violão estremeceu o Oráculo.

“Como você descobriu a forma de sair daqui?”, Hugo perguntou a Vilão.

“Eu comi o fruto divino”, respondeu Vilão.

“E o que isso quer dizer?”

“A verdade me libertou”.

No instante em que o Oráculo começava a flutuar, um buraco se abriu no chão, engolindo todos para o interior do gigante.
Rapidamente, Selena lançou um braço da raiz agarrando-se à parede do Oráculo. Ela segurou seus amigos levando-os novamente para o interior da esfera. Mas, Vilão permanecia caído sobre o chão de neurônios.

Enquanto o Oráculo subia lentamente em direção à superfície, Selena com um ato de misericórdia estendeu sua mão para segurar Vilão, mas algo estava prendendo-o à cadeira e ele não conseguia sair.

“Não! Você precisa me soltar”, disse Vilão à Selena.

“Não vou deixar você morrer aqui”, ela respondeu.

“Vocês devem viver agora. Eu escolho ficar”, disse Vilão, soltando a mão de Selena.

Quando ele soltou-lhe a mão, o Oráculo pode subir lentamente. Todos observavam Vilão preso à cadeira vendo-os flutuarem na imensidão do oceano.

Selena ainda pode balbuciar algo como: “Morra em paz”.

E em conjunto, o cérebro e o coração do gigante, flutuaram até a superfície salvando a todos.

Quando chegaram ao continente, Selena abraçou sua filha e pôs a chorar. Zule sorriu e abraçou sua família, agora com seu rosto verdadeiro. E Albert voltou para os braços dos seus filhos e de seus alunos.

Todos aguardaram a morte em paz.


FIM

Ps.: Obrigado por ter vindo até aqui!

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